CAMINHONEIRO
Os primeiros raios de sol
pingam chamejantes no horizonte,
despertando a cidadezinha no sertão.
A lâmparina despenca do telhado
num fio entrelaçado, clareando os movimentos do
seu Pedro, que espreguiça
estalando os nervos das costas,
se preparando pra trabalhar, como de costume,
na boleia do seu caminhão.
Despede da mulher,
Beija a filhinha adorada
que dorme feito anjinho na cama confortável do seu lar.
Faz o sinal da cruz e adentra na boleia do caminhão
pra enfrentar a rodovia num perigo constante.
O veículo movimenta lentamente,
e do retrovisor ver a imagem da sua amada
desaparecendo distante.
Carros, caminhões, carretas
transportam as histórias e os sonhos de cada motorista
que vive trilhando asfaltos.
E muitos não voltam pra casa, provocando um sofrimento imenso
nas famílias desses trabalhadores incansáveis.
Seu Pedro sempre dirigiu com responsabilidade,
conduzindo o equipamento de trabalho com muito carinho.
Obedecia as Leis de trânsito, respeitando e amando seu próximo.
Várias vezes ajudou retirar companheiros de trabalho
dentre as ferragens quando acontecia um acidente.
Homem prestativo!
Seu Pedro viajava tranqüilo, confiante.
A brisa percorre seu corpo.
O pensamento o transporta para os compromissos
Cotidianos.
Mas o compromisso de Deus na vida do seu Pedro era outro.
Naquele dia estava feliz! Sente uma paz invadindo seu coração.
Percebe alguém sorrindo pra ele,
sentado ao seu lado na boleia do caminhão.
O que estava acontecendo?
A resposta surge na curva declinada,
o caminhão derrapa, e aquele motorista experiente
percebe que era tarde demais,
E em fração de segundos
ver a imagem da esposa adorada,
e da filhinha querida sorrindo pra ele.
O caminhão se dirige para o precipício
e voa desgovernado em direção ao abismo.
Antes do caminhão espedaçar nas rochas,
Pedro é adormecido por Jonas,
que o aconchega em seus braços
e o Conduz feito criança para um hospital espiritual,
enquanto o caminhão se transformava em ferros retorcidos,
deixando o seu corpo inerte no meio dos pedregulhos.