SANTO ANTONIO CASAMENTEIRO E DESCONFIADO

Na minha infância e adolescência ouvi muitas estórias a respeito de Santo Antonio. Beato casamenteiro que sempre foi à esperança de várias solteironas que embora fizessem o diabo com o pobre santo, nunca conseguiu se casar.

Algumas o cozinhavam no caldeirão de feijão. Depois faziam acarajé e ofereciam aos namorados. Na esperança amarrá-los para sempre. Outras, o enterrava de ponta cabeça num formigueiro e só retiravam após o casamento. Que eu saiba nenhuma se casou. É possivel que haja imagem de santo enterrado até hoje. Teve uma que o colocou no oco de uma gameleira e deu certo, se casou. Mas na noite de núpcias foi devolvida ao pai.

Era comum quando se casavam o genro residir na casa da noiva, certo período. Então ao se recolher na noite de núpcias o noivo ansioso a esperava já deitado. A noiva entra no quarto, e após se despir tirou as dentaduras um olho de vidro a cabeleira uma perna de pau e uma mão mecânica, colocando tudo sobre a mesa. Pulando em um pé ela dirigiu ao noivo e assentou na cama. Ele se levantou apanhou toda a prótese sobre a mesa, foi para sala onde o sogro conversava com a sogra e disse: eis ai metade de tua filha o restante se transformou em perere e deve estar saltando por ai!

Com isso surgiu o ditado santo do pau oco. Porque o milagre virou bósta de pato na lagoa.

Alguns anos se passaram à gameleira cresceu fechou sua abertura e a pobre imagem do santo acabou presa nela. A moça morreu de desgosto pela perda do marido.

Tempos após, começou assombrar a população. Chamaram um medium para resolver o problema, ele fez um trabalho espiritual e a incorporou secretamente em touro da fazenda do seu pai. Ai a coisa complicou o touro começou a fazer um estrago danado na fazenda, e foi vendido para o frigorífico.

Na época como não havia meio de transportes para as boiadas, elas viajavam tangidas. E por diversas vezes tentaram levar o touro sem nenhum sucesso. Já cansado com os danos provocados pelo animal o fazendeiro se dispôs a doá-lo a qualquer açougueiro que conseguisse capturá-lo, retirando-o de sua fazenda.

Em cada tentativa mais arrediu o touro se tornava. Certo açougueiro ouviu dizer que qualquer problema, além de casamento é só recorrer ao Santo que ele ajuda. Decidiu então propor uma parceria ao Santo Antonio, prometendo a ele dividir com a igreja o faturamento do boi se ele o ajudasse. Uma vez que essa altura nem perto dele, se conseguia chegar. Feito o acordo o carniceiro dirigiu para a invernada da fazenda, com seu laço na mão, encontrou o boi, manso como um cordeiro. Levado ao curral o homem o amarrou no estêio com a maior facilidade. Ao levar a faca para matá-lo disse ao companheiro,que o ajudava: - sabe de uma coisa: Santo Antonio não vai pegar metade de boi coisa nenhuma! Ao golpear, errou cortando a corda, e era uma vez um boi morto! O bicho escapou saltando cercas e desapareçeu! – E aí? Pergunta o companheiro! – Ôh rapaz Santo Antonio é muito desconfiado eu estava brincando sô! Santinho danado de desconfiado uai!

“Santo Antonio é também oculista; leia em minhas crônicas página 2”

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 13/06/2010
Reeditado em 13/06/2010
Código do texto: T2316888
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