VISITA ÀS POETISAS DO RECANTO
Finalmente chegou o dia tão esperado, estava ansioso para fazer esta viagem, iríamos visitar as maravilhas do Brasil. Cumprimentar pessoalmente as mulheres poetisas do recanto.
Realizar um verdadeiro sonho.
Zé me explicou que estava tudo perfeito, não me preocupasse com nada, o que por ventura precisássemos encontraríamos dentro do carrinho amarelo, no seu porta malas tinham todos os apetrechos, roupas de frio, guardas chuvas, capas, e outras coisas mais..
Então falei: _ “Meu amigo estou vivendo um dilema - com tantos nomes destas mulheres extraordinárias, não consegui ainda decidir por onde começar a visitá-las.
Ele respondeu: _ “Tens razão, é muito difícil escolher por onde iniciar... Vamos fazer o seguinte; - falo uma letra e você coloca o primeiro nome que vier à cabeça.”
Já sentados dentro do veiculo, antes que fosse digitado o primeiro nome, ele falou:
_ “Na primeira viagem, (*) esta maquina nos levava ao endereço, agora ela nos leva a encontrar a pessoa onde ela estiver, e só vai atrás de outra quando encontrar a primeira”
Ele falou: _letra A... Digitei... o primeiro nome que lembrei, ele continuou falando letras variadas e fui digitando os nomes que me vinham à cabeça, meus dedos começaram a doer de tanto digitar.
Quando fechamos os vidros, o carrinho amarelo deu vários solavancos e depois parou.
O Zé comentou: _ “Que estranho, tive a impressão que o carro parece perdido, não é comum esses solavancos... "
Quando descemos do veículo ficamos estupefatos...
Olhamos para o Céu, todo o firmamento apresentava cores deslumbrantes de todos os matizes, estávamos debaixo de esplêndido arco íris.
Caminhamos lentamente e sentamos em pedras brancas, ficamos extasiados apreciando todo o panorama, as areias pareciam pedras preciosas, brilhantes.
Comentei: _”Estas poetisas são mesmo seres especiais, veja meu amigo a beleza da vegetação, e esse som suave do mar”
O Zé falou; _” Esta música maravilhosa, são as Sereias cantando, mas elas não estão chamando marinheiros desavisados para o fundo do oceano. Cantam em homenagem às poetisas ”....
Ficamos um bom tempo apreciando aquele cenário maravilhoso, depois resolvemos ir procurar.
Na praia não havia ninguém, gritamos alto o nome de muitas poetisas e só ouvimos o eco...
Apareceu um caminho, ao adentrarmos encontramos uma mata deslumbrante.
Distraídos apreciando a imensa variedade de flores, azuis, amarelas, vermelhas, rochas, brancas, não percebemos a presença de anõezinhos que nos rodearam com pequenas lanças nos espetando e um deles com voz rouca falou:
_ “Vocês quem são?... Porque entraram sem autorização?...
Tive vontade de rir. Homenzinhos com pequenas lanças não iam nos deixar amedrontados.
Outro com voz ríspida disse: _ “Somos gnomos não duvide do que podemos fazer...
Com estas lanças podemos fazê-los morrer...
Tremi de medo, antes que atacassem o Zé explanou:
_”Estamos a serviço das poetisas e mensageiros somos...
Trazemos mensagens a Ghob, o Rei dos gnomos..."
Eles desarmaram os semblantes e um que parecia ser o mais jovem convidou:
_” Porque demoraram a falar?
Sigamos em direção ao nosso lar”
Fiquei impressionado com a alegria deles, saltitando e cantando uma canção desconhecida nos indicaram o caminho.
Zé em voz baixa me explicou:_ “Eles falam de forma ritmada e somente um fala de cada vez, assim você é o próximo a falar, se tiver dificuldades em se expressar, obedeça ao comando do seu coração”
Seguimos por uma trilha coberta de pedrinhas brilhantes que ofuscavam a nossa visão, borboletas multicoloridas esvoaçavam à nossa volta, algumas delas pareciam ter fios de ouro em suas asas, pássaros de plumagens desconhecidas e cores fortes, trinavam quando passávamos.
Entramos numa caverna aconchegante, nas paredes luminosas não havia lâmpadas, provavelmente eram forradas por cristais brilhantes.
Ao fundo encontramos um trono de cor anil roxo mesclado com vermelho, e amarelo ouro.
Um quadro de estonteante beleza.
Juntamente com o meu amigo Zé, fiquei boquiaberto com o brilho de todo o ambiente.
Ao nos aproximar fomos saudados pelo rei dos gnomos.
_ “Nobres mensageiros... Que mensagem trazem das poetizas?
Que amamos com devoção... E sem medidas?...”
Dei um passo à frente e me sentindo inspirado como se doce voz feminina soprasse suavemente ao meu ouvido falei:
"Oh!... Nobre Ghob, rei dos gnomos que vivem a nos proteger...
Com muita alegria e carinho queremos ao seu povo agradecer...
Entregar a vocês o que temos de maior valor...
Nossos sentimentos sinceros, cheios de amor..."
Neste instante um frenesi tomou conta de todos os gnomos, de maneira contagiante começaram a dançar e cantar uma canção numa língua encantadora, a ternura da canção tocou o meu coração e do Zé, não conseguimos resistir, nos emocionamos e entramos no meio deles.
Também dançamos e cantamos sem saber direito a letra.
Parecíamos uma multidão de crianças a pular e cantar imensamente felizes...
Quando os ânimos foram amainando, O Zé falou:
_” Agradecemos a generosa acolhida..
Mas é hora da nossa partida...”
O rei Ghob emocionado nos disse:
_ “levem o nosso respeito, nossa alegria e gratidão...
Digam às poetisas... Elas tem de nós... Muito carinho e proteção...
Felizes nos acompanharam até o fim da mata, quando pisamos na areia da praia, acenaram se despedindo e sumiram entre as folhagens.
Perguntei ao Zé: _ “Meu amigo, o que será que aconteceu? “
Antes que o amigo respondesse, alguns homens de grande estatura, usando vestimentas coloridas corriam em nossa direção. -
* * *
Senti um balanço e acordei na minha cama.
Minha esposa já tinha se levantado e fazia o café. Meio sonolento me aproximei e perguntei:
_ “Esta noite, não gemi ou falei sozinho?.” -
Ela respondeu: _ “Não falou ou gemeu, ficou dançando e pulando no quarto cantando uma melodia desconhecida para mim, não quis te chamar, achei muito engraçado.”
Comecei a rir...
Durante o dia encontrei com o Zé, para comentarmos a aventura da noite.
Ele ria e ria, sem parar, riu tanto que quase perdeu o fôlego, com voz entrecortada dos risos me falou:
_ “Meu amigo, agora entendi porque o carro ficou maluco, parecendo que estava perdido dando vários solavancos, a sua trapalhada foi demais”.
Fiquei curioso:_ “Que trapalhada? E pelo jeito que você ri, acho que já desculpou minha trapalhada”
Já controlando o riso falou;
_ “Claro que já desculpei, se não houver desculpas entre amigos, não há amizade.
Você errou na digitação, mas o carrinho passou no teste, ficou procurando a alma das poetisas, os homens que vimos correndo em nossa direção, eram protetores do reino das fadas.
Por certo conseguiríamos explicar as nossas nobres intenções.
Venha ver o que você digitou...”
No painel do veiculo verifiquei que, em vez de escrever o nome de uma poetisa. Escrevi:
“Alegria de luz"
Aí quase perdi o fôlego de tanto rir...
(*) No conto " A visita aos amigos do recanto "
Falo da origem deste veiculo maravilhoso...