CHIQUITA BACANA E SUA DEMÊNCIA
CHIQUITA BACANA E SUA DEMÊNCIA
Pessoas com deficiência física ou mental merecem todo respeito de nossa parte. É muito importante que sejamos tolerantes demonstrando carinho para com elas.
Estando nós, com os pés sobre a terra, somos sujeitos a qualquer momento tornarmos também portadores de tais anormalidades, ninguem está imune aos riscos que corremos, com a atual correria no dia a dia, da vida conturbada pela modernidade tecnológica. Independente da posição social, as fatalidades não escolhem seus mártires.
O preconceito envenena alma endurece o coração e empobrece o sentimento humano.
Algumas pessoas de mente insana começam a criar fantasias, tornando objetos de gozação e chacotas. Não deixa de ser engraçado, mas há muitas maneiras de tratarmos com elas, sem que denigramos sua imagem como seres humanos e nossos irmãos.
Residiu aqui há poucos anos uma velha senhora. Natural de nossa terra, mas criada no município de Morada Nova de Minas, de onde retornou já idosa. Voltou trazendo com ela inumeras fantasias, e o apelido de Bacana, que segundo contam seus parentes, foi inspirado numa égua de um circo que por lá passou. Conhecida como chiquita, a velha virava os arreios, quando era chamada de chiquita Bacana.
Em seus momentos de delírios e fantasias ela afirmava que foi pagem de Silvio Santos e Color de Melo, dizendo que Ambos foram criados às margens do rio Indaiá. Afirmava que o magnata do S.B.T. ficou careca de tanto piolho. -Tive um trabalho enorme com ele, mas acabou por ficar careca. Quanto ao Color seu pai João Color não agüentando mais suas arruaças lhe deu uma moto nova e quinhentos contos e o mandou caçar serviço. – pois o danado deu tanta sorte, que montou uma fabrica de açúcar nas lagoas, lá ele foi governo, agora inventou ser presidente da republica. E eu que troquei tanta fralda naquele catarrento, agora vejo ele sendo governo do Brasil! Tem base? Uma coisa dessas?
E assim por vários anos ela viveu entre nós, sendo molestada pela molecada. Muitas vezes ficava melhor quando narrava suas fantasias com tais personalidades, do que quando era molestada. Ao ouvir um grito de Bacana começava a xingar, aí sim seus algozes faziam à festa, quando a coisa incendiava mesmo, ela entrava em parafuso, se despia e desfilava nua gritando tudo que era nome e fazendo os piores gestos obscenos. Com o decorrer do tempo parece ter viciado nos apupos, e aprontava seus espetáculos. Fazia questão de passar onde estivessem os moleques para ser assediada por eles.
Certo dia chegou o Paulo Paulino a minha loja e disse: - rapaz vinha eu lá do posto agora, quando encontrei com a Bacana. A danada nem uma fitinha no braço usava. Desceu a B.R. peladona balançando as muchibas, os caminhoneiros buzinando e ela xingando. Alguem mexeu com ela la no posto de combustível e pê da vida, ela colocou suas vestes em uma sacola e se exibiu peladona B.R. afora.
Por fim a levaram para o asilo, após foi amparada por uma sobrinha residente em B.H. que se dispôs a cuidar dela. Se ainda vive não sei.