A COBRA GRANDE NA ALDEIA INDIGENA
A COBRA GRANDE NA AlDEIA INDIGENA
Quando o sol da manhã penetrou pelas frestas da maloca pintando com seus filetes de ouro, o entorno das belas e bem trabalhadas paredes; a pequena Jacianã, irradiante saltou da rede ao lado da mãe pondo-se a correr rumo ao rio. Seu procedimento não trouxera preocupação à mãe. A indiazinha tinha grande intimidade com o rio, desde o ritual do seu nascimento quando, de cócoras, a mãe lhe dera a luz naquelas águas puras e cristalinas.
A galhada do velho ingazeiro encurvada, debruçada sobre o leito do rio, rente à sua tona, era seu lugar predileto. Sentada sobre ela com as mãozinhas nos joelhos e as perninhas submersas na água ela brincava com os lambarís, refletindo mil cores aos reflexos do sol. Beijando e lambendo seus pezinhos já enrugados pela constância naquele caudal volumoso e cristalino. Contra o sol, as arvores com suas silhuetas desenhavam na tela branca da água diferentes formas. Entremeados nos arbustos, passarinhos gorjeievam de forma divina em coro com ranger das galhadas preguiçosamente empurradas pela brisa soprando leve e suave.
À distância, emocionado, com as mãos cheias de ervas e raízes o velho pajé contemplava aquele belo quadro, no momento mágico de rara beleza encenado pela inocência da bela indiazinha. Furtivamente duas lágrimas num trajeto irregular tropeçando nas rugas do teu rosto, rolaram vertidas dos teus olhos. Indo ao chão. Estático sem redar pé tomado por aquele momento único ele transfigurava emocionalmente, colocando suas ervas sobre um velho tronco, aproximou sorrateiramente. De repente um grande susto; percebeu que a cobra grande, protetora das águas, aproximava gesticulando de forma terrível. Prevendo o que poderia ocorrer, tremulo e sem ação, sentiu suas pálpebras entormecidas, emudeceu indo ao chão desfalecido, por momentos. Minutos após recompor a momentânea falta de oxigênio, ainda ofegante estirado na relva, sua primeira reação foi buscar com olhar o local onde se encontrava a pequena índia.
Era inacreditável o que estava diante dos teus olhos, a cobra grande sendo acariciada pela pequena indiazinha. Com a cabeça sobre seu colo, ela retribuia alisando seus pretos cabelos com sua alongada lingua. Ao perceber sua presença a gigantesca serpente deslizou suavemente sobre o colo úmido de sua pequena amiga e mergulhou no rio desaparecendo.
Sorrateiro como chegou ele apanhou suas ervas e voltou à aldeia, sem Jacianã perceber. Contou tudo a sua mãe que no momento prepara os bijús a espera da filha. Ficou toda orgulhosa imaginando tirar a limpo, aquela estória contada pelo pajé. Mas sua pequena por mais que a mãe tentou, nunca revelou a ela o segredo de sua intimidade com a cobra grande protetora das águas, e guardiã da noite. Mantida no seu ouriçado coco de tucumã guardado por ela no fundo dos rios.
A COBRA GRANDE NA AlDEIA INDIGENA
Quando o sol da manhã penetrou pelas frestas da maloca pintando com seus filetes de ouro, o entorno das belas e bem trabalhadas paredes; a pequena Jacianã, irradiante saltou da rede ao lado da mãe pondo-se a correr rumo ao rio. Seu procedimento não trouxera preocupação à mãe. A indiazinha tinha grande intimidade com o rio, desde o ritual do seu nascimento quando, de cócoras, a mãe lhe dera a luz naquelas águas puras e cristalinas.
A galhada do velho ingazeiro encurvada, debruçada sobre o leito do rio, rente à sua tona, era seu lugar predileto. Sentada sobre ela com as mãozinhas nos joelhos e as perninhas submersas na água ela brincava com os lambarís, refletindo mil cores aos reflexos do sol. Beijando e lambendo seus pezinhos já enrugados pela constância naquele caudal volumoso e cristalino. Contra o sol, as arvores com suas silhuetas desenhavam na tela branca da água diferentes formas. Entremeados nos arbustos, passarinhos gorjeievam de forma divina em coro com ranger das galhadas preguiçosamente empurradas pela brisa soprando leve e suave.
À distância, emocionado, com as mãos cheias de ervas e raízes o velho pajé contemplava aquele belo quadro, no momento mágico de rara beleza encenado pela inocência da bela indiazinha. Furtivamente duas lágrimas num trajeto irregular tropeçando nas rugas do teu rosto, rolaram vertidas dos teus olhos. Indo ao chão. Estático sem redar pé tomado por aquele momento único ele transfigurava emocionalmente, colocando suas ervas sobre um velho tronco, aproximou sorrateiramente. De repente um grande susto; percebeu que a cobra grande, protetora das águas, aproximava gesticulando de forma terrível. Prevendo o que poderia ocorrer, tremulo e sem ação, sentiu suas pálpebras entormecidas, emudeceu indo ao chão desfalecido, por momentos. Minutos após recompor a momentânea falta de oxigênio, ainda ofegante estirado na relva, sua primeira reação foi buscar com olhar o local onde se encontrava a pequena índia.
Era inacreditável o que estava diante dos teus olhos, a cobra grande sendo acariciada pela pequena indiazinha. Com a cabeça sobre seu colo, ela retribuia alisando seus pretos cabelos com sua alongada lingua. Ao perceber sua presença a gigantesca serpente deslizou suavemente sobre o colo úmido de sua pequena amiga e mergulhou no rio desaparecendo.
Sorrateiro como chegou ele apanhou suas ervas e voltou à aldeia, sem Jacianã perceber. Contou tudo a sua mãe que no momento prepara os bijús a espera da filha. Ficou toda orgulhosa imaginando tirar a limpo, aquela estória contada pelo pajé. Mas sua pequena por mais que a mãe tentou, nunca revelou a ela o segredo de sua intimidade com a cobra grande protetora das águas, e guardiã da noite. Mantida no seu ouriçado coco de tucumã guardado por ela no fundo dos rios.