Está com o burro na sombra
Está com o burro na sombra
Em outra causo mostramos como as criações eram bem cuidadas na época da exploração do ouro nas Minas Gerais no século XVIII. O transporte era todo feito nas costas dos animais.
Os capitães das minas sempre exigiam dos escravos que os animais fossem bem alimentados e, aqueles que trabalhavam com eles, acabavam tomando amor por eles.
Por baixo da sela, os escravos, colocavam uma garrafa de cachaça, para em determinado momento poderem reduzir o banzo e, diminuírem também, o efeito do trabalho forçado sob o sol forte.
Nos riachos os burros eram lavados e seus panos antepostos à sela para a proteção de seu corpo.
O trabalho iniciava bem cedo. Os animais perfilados aguardavam a ocasião de receberem as pedras dos minérios, para serem levados das galerias até o pátio de depósito.
A alimentação dos trabalhadores e dos animais era servida aproximadamente às dez horas, em virtude do início da jornada ao limiar do dia.
Quando o sol se colocava bem em cima da cabeça de todos, sem dar sombra no chão, era o sinal que o meio do dia chegara. Então, os animais eram recolhidos para debaixo das árvores copadas e assim se protegerem na sombra do forte calor e terem mais resistência no trabalho depois.
Neste momento, enquanto os burros repunham suas energias, os escravos aproveitavam para tomar seus taios de cachaça.
Nesse momento, o que mais se respondia - quando os capitães perguntavam sobre o paradeiro de algum escravo - era a seguinte resposta:
_ Ah ! Ele está com o burro na sombra.
Antônio Calazans