O HOMEM QUE ALMOÇOU COM O DIABO
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Inspirado na Oralidade Popular
Havia para os lados do sertão de Minas, um fazendeiro rico, viúvo de muito tempo, que vivia sozinho. Por isso, sonhava com um companheiro para almoçar, nem que fosse o diabo.
Certo dia, quando bateu meio-dia e o fazendeiro preparava-se para almoçar, um homem bateu à porta. Era o diabo. Pois bem. Almoçaram, excederam-se no copo e conversaram como velhos e bons amigos.
O diabo não se queixou em nenhum momento, e de nenhum modo, da péssima reputação que gozava no mundo. Disse até, que era uma pessoa que maior interesse tinha na queda dessa reputação; sobretudo, porque a tentação agora é completamente inútil. Os homens pecam por si mesmo, natural e espontaneamente, sem necessidade de tentações e convites. Que correm para ele como os rios correm para o mar.
Finalmente, quando as primeiras sombras da noite se precipitaram sobre o dia, o demo despediu-se do fazendeiro e, à saída, disse:
— Quero que guarde de mim boa impressão e para provar-lhe que eu, de quem se diz tanto mal, sou, às vezes, um bom diabo convido-o para almoçarmos juntos qualquer dia desses no inferno.
Marcaram a data e no dia tratado o diabo veio buscar o fazendeiro. Depois do almoço, o velho fazendeiro foi visitar as dependências do inferno. Havia La dentro, um ar esquisito que lhe fazia lembrar todos os aborrecimentos da sua vida, o desejo de rever seu antigo lar, sua esposa e seus filhos. Em um salão todo em chamas, havia vários caldeirões. E dentro de cada caldeirão estava uma alma fervendo. Havia ali, estranhos rostos de homens e mulheres, marcados por expressões de dor; estranhas caras que davam, ao velho fazendeiro, a impressão de já havê-las visto em épocas e regiões de que lhe era impossível recordar. Mas, num dos caldeirões, ele reconheceu um de seus parentes. Investigando melhor, acabou por descobrir que toda a sua família estava lá. Ficou impressionado e, quando voltou a terra, fez tantas boas obras, que se salvou. ®Sérgio.
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