A Santinha-do-pau-oco
A Santinha-do-pau-oco
O ouro abundava em Minas. A Coroa portuguesa destinava o ouro retirado das jazidas do solo mineiro para a fundição na Inglaterra. Quem trabalhava e quem acomodava o ouro em pó para seu envio, somente via a cor dele; mas tê-lo, isto não acontecia.
Por essas e por outras coisas que alguns, mais espertos, vendo que o ouro das Minas estava sendo enviado para fundição e fabricação de barras além das terras brasileiras, resolveram também tirar fatia deste bolo.
Como quem rouba de ladrão tem cem anos de perdão, aqueles que tinham contato com o metal nobre, solicitaram aos artesãos que esculpissem imagens de santas com pau oco. Em seu interior eles enchiam com pó de ouro e pedras preciosas. Assim poderiam despistar a fiscalização, pois as imagens de santos em solo das Gerais era muito corriqueiro.
Quando as imagens chegavam ao seu destino, elas eram esvaziadas e preenchidas com dinheiro para o pagamento de quem realizou a façanha.
O ouro ia e o dinheiro vinha dentro da Santa-do-pau-oco até que certas pessoas julgando que, se quem roubava de ladrão tinha cem anos de perdão, então, quem roubava destes que extraviavam o ouro dos outros, tinha duzentos anos de remissão. E passaram a remeter dinheiro falso.
Como a ganância sobrepõe ao juízo dos homens, a luta para que a Lei de Gérson fosse acatada por cada parte , não dera resultado, ficando a situação insustentável e aos poucos as verdades foram aparecendo .
A farsa fora descoberta e o plano desfeito.
Profº Antônio Calazans