Vivia-se o final da década de noventa. Ainda solteiro, nessa época a panela não queimava no fogão de minha casa. Assim, sair para comer com amigos servia para disfarçar um pouco a solidão. Certo dia, fui com o Marco Antônio e outros colegas almoçar em um pequeno shopping da cidade.
Após o divertido almoço, quando já nos preparávamos para deixar o restaurante, chamou atenção a chegada de belas moças que à noite participariam de um movimentado desfile no shopping. Naquela tarde, realizar-se-ia o ensaio final. As lindas e elegantes jovens nos foram rapidamente apresentadas pelo conhecido coreógrafo.
Passados uns três dias, em casa, sozinho, eu navegava pela internet no programa de bate papo da época, chamado mirc, quando, no canal #amapa, fui chamado por uma jovem de apelido Morena-18. A moça disse que me vira no shopping naquela semana, pois era uma das modelos que passara pelo restaurante.
Depois de uma entusiasmada conversa pelo chat marcamos um encontro à noite na praça beira-rio. A Morena-18 me revelou suas belas e impressionantes características e me disse que gostava de homem perfumado e com a barba bem tirada. Não arrisquei. Na preparação para o ansiado encontro, gastei um frasco de perfume e quase arranco a pele do rosto de tanto passar a lâmina de barbear.
Impaciente, cheguei ao lugar marcado bem antes do combinado. Toda garota que aparecia na beira do rio Amazonas eu logo imaginava que era a linda modelo. Porém, depois de longa espera, nada de chegar a morena de blusa top azul e mini saia jeans, como esperado. Certamente alguma coisa acontecera e a impedira de ir ao encontro.
Decepcionado, voltei para casa, liguei o computador e, navegando pela internet, busquei reencontrar a jovem. Porém, naquela noite ela também não apareceu no chat*.
No dia seguinte, estava no trabalho quando entrou na minha sala o colega Marco Antônio e me disse:
- E aí, rapaz? Encontrou a Morena-18?
*neologismo para designar local de bate papo em tempo real na internet