Nas eleições de 1982, no município de Várzea Alegre, houve acirrada disputa pela prefeitura entre o empresário Joaquim Diniz e o médico José Iran Costa. Como sempre acontece nas pequenas cidades do interior do país, toda a população se envolveu na campanha. Nas reuniões e rodas de conversas preponderava o assunto da política.
     
     Bem próximo ao dia da eleição, Joaquim Diniz se encontrou com meu avô Raimundo Silvino na Praça do Abrigo no centro da simpática cidade. Comerciante e agricultor, meu querido avô terminava de carregar sua caminhoneta com vários utensílios agrícolas e materiais de construção. O candidato a prefeito, então, se aproximou do velho correligionário e perguntou:

     
     - E aí, Raimundo? Trabalhando muito nessa campanha?


     - Tou trabalhando demais, Joaquim.


     - Que bom, Raimundo, todo mundo tem mesmo que ajudar - disse o satisfeito candidato.


     Se preparando para seguir viagem ao seu terreno rural, arrumando na cabeça o seu inseparável chapéu, o desligado eleitor se despediu, concluindo:


     - É, tem serviço demais lá no Brejo, Joaquim. Tou abrindo sangrador em dois açude e terminando uma broca numa roça das grande.