UM TATU FANTASMA

UM TATU FANTASMA

No ano 1964, recém casado, eu transferi minha moradia do Engenho para uma fazenda, arrendada por meu pai e eu, próxima ao povoado da Extrema. Lá, em parceria, alem da atividade, agropastoril cultivamos algumas áreas, destinadas ao plantio de milho e feijão. Áreas estas arrendadas a meeiros, que nos prestavam serviços intermediados aos de suas lavouras. Tanto do Engenho como da Extrema eles se locomovia para o trabalho na fazenda. Ora a cavalo ora de carroça ou a pé.

Neste vai e vêm constantes a cada dia, novidades eram contados por ambos os grupos cuja residência era oposta. Na época havia muita abundancia de caça e nenhuma proibição. Era comum, que os trabalhadores portassem suas espingardas fulminantes, como forma de complementar com a caça sua cadeia alimentar. Geraldinho Pereira um capitão congadeiro, muito prestativo e amigo, tocava uma lavoura numa das áreas acima mencionada. Seu filho mais velho não desapegava de uma espingarda, por sinal até bem produtiva na sua caça. A cada dia o Zé, como era chamado, tinha uma novidade a ser contada.

Havia na fazenda muitos vestígios de tatu, uma buraqueira enorme pra todos os lados, dentre eles algum de tatu gigante, atribuído pelo o nome tatu canastra, uma espécie rara. Lembra-nos bem ao dito popular, que diz ser igual ao criador, ele existe, mas ninguém o vê. Pois bem, certa manha o Zé chegou apavorado, dizendo ter atirado em um tatu canastra. O pai o perguntou: - onde está o bicho Zé? E porque você não o matou? - Eu em pai...! Na hora que atirei, ele ficou de pé pegou o chumbo com as duas mãos jogou ele em mim, me chamou de bobo, e entrou no buraco dando gargalhadas tão violentas que a terra do buraco tremeu!

Retirando da cintura o cinto, o pai exclamou: – Oh...! Sabe que vou te cortar no coro, pra você deixar de tanta mentira! Nesta hora um cabra da Extrema entrou na frente pedindo clemência pro moleque. – Não seu Geraldo, seu filho pode estar falando a verdade! Existe mesmo um tatu fantasma por aqui! – Que isso você também?

– Então o senhor não soube da mula do Tio Carro? Ele vinha da Piraquara, quase chegando à Extrema, um tatu canastra cavando na beira da estrada, ele desceu, amarrou as cordas do cabresto na pata traze ira do tatu, foi até ao povoado à busca de um enxadão pra eliminar o bicho. Ao voltar viu só o rabinho da mula Abanando la nas profundezas da terra! Pobre animal! Se foi com arreios e tudo! Até ontem nem noticia!

Coloque seu cinto deixe seu filho em paz, estas coisas acontecem e estão acima de nossa compreensão!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 17/04/2010
Código do texto: T2202036
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