Versos da Mala do Vovô I
Amigos vos pesso licença
Para duas linhas escrever
Da morte de um amigo
Que nunca posso esquecer
Quero contar tudo em versso
Para o povo assim saber
No dia 8 de dezembro
Estando com seus camaradas
Saindo para a Novena
Foi faquiado na estrada
Indo com seus amigos
Nesta triste ocazião
Em contrase com um malvado
Que lhe fez a traição
Matasteme desgraçado
Sem eu nunca esperar
Matasteme a e se
Sem eu nunca querer brigar
Coreu a trais do malvado
Ainda com tanta corage
Sentindose em fraquesido
Ali cahia e não andou mais
Ah meu Deus estou morto
Ah meu Deus que agonia
Os amigos conduziro
Para um rancho de olaria.
Deitaro-lhe numa cama
Para um pouco descançar
E foram dar parte a Justiça
Para vir emzaminar.
Logo chegou o Espírito
E foi o corpo ezaminado
Em seguida veio o Padre
E tambem foi confesado
Meu amigo Antonio Profiro
Tenho dó do meu penar
Prometa promessa por mim
Para asim eu escapar
Quero pedir um favor
A um dos meus amigos
Para ir chamar meu pae
Que a desgrasa está comigo
Ah que dor, que agonia
Que desgrasa me acomteceu
Também chame minha noiva
Para eu dizer meu adeus
Ali chegou o seu pai
Que suas dores lamentava
Abrasandose com seu filho
Que o povo todos chorava
Também chegou sua noiva
Com grande dor no coração
Derramando suas lágrimas
Veio lhe apertar a mão.
Meus amigos e companheiros
Para que estão achorar
Chame o sr. Jose Faria
Para elle me perdoar
Que agora acheme amorte
Quase nem poso falar.
Não podendo estar deitado
No rancho da olaria
Conduziro para a caza
Do amigo Jose Faria
Dentro de um pariola
Sofrendo tanta agonia
Deitado elle na cama
Com tanta dor e agonia
Mudando o seu corpo
Que o sangre lhe corria.
Ah meu Deus que emfelis
Hoje aconteceu com migo
Pasando tanta vergonha
Comsumindo a meus amigos.
Assim passo a noite inteira
Nesta tracido e agoniado
A sua noiva muito afflita
Ali chorando a seu lado.
A onde esta minha mãe
A quem desejava ver
Vão chamar ella depressa
Antes quem chegue morrer.
Quando sua mãe chego
Elle podia dizer
Minha mãe venha com corage
Que com coragem ei de morrer.
A minha morte mete pena
Mete dores e piedade
Eu morrer tão creansa
Com 24 annos de edade.
Eu morro assim tão creansa
Morro com grande pezar
Tanto gosto que eu fazia
De muito cedo me cazar.
E na caza de minha noiva
Eu vou ser amortalhado
Aonde eu sempre pencei
Sair daqui amparado
Mais a dasgraça assim quis
Morrer sem se culpado.
Minha gente daime água
Para eu matar esta sicura
Eu daqui naum me alevanto
So pra ir a sepultura.
A meu querido pae
Não tenho mais alegria
Já acabase minha vista
Já vejo a luz do dia.
Falando sempre do de morrer
Dizia adeus e não conhecia
Descansou de sua vida
As onze horas do dia
No dia 8 de dezembro
Este pobre foi faqueado
Morreu no dia nove
No dia 10 foi sepultado
Antes de sua morte
Disse tudo que queria
Que tinha amigos a seu lado
Que fez tudo que queria
Dando as suas contas a Deus
As onze horas do dia.
Já não podia falar
Já não tinha mas açcão
Ainda o brio os olhos
E via a vela na mão.
Sua mai chorando aflita
Dever o filho amorer
Tão estimado que era de todos
Sem nenhuma culpa ter.
Ah minha querida noiva
Adeus te vou dizer
Tenha pasiencia não chores
Que meu resultado é amorer.
As onze horas do dia
Este amigo espiro
O povo que ali estava
Com pezar todo choro.
Descança querido amigo
Amigo de todos estimado
Nunca pensei de tiver
Hoje aqui amortalhado.
Seus parentes chegaram
Para saber de seu estado
Em caza de sua noiva
Emcontraram amortalhado.
Ah querido amigo
Vote bota no caichão
E peço a Deus que te leve
Na porta da salvação.
Adeus querido amigo
A terra vai te comer
A porta da amizade
E não podemos mais tever.
Vou tapar o teu caichão
Que é hora de nois seguir
Vou chamar a tua noiva
Para vir se dispidir.
Adeus querido fortasio
Que agora te vai embora
Deichando aqui este pobre
Que por amizade chora.
Quando chegava os Domingos
Eu vivia a te esperar
Agora olho a janella
Não te poso avistar.
Antes que tu vai embora
Eu quero te abrasar
Eu quero fazer um pedido
Que venhas ca me buscar
Com lembrança de teu nome
Eu não posso ficar ca.
Minha gente venha ver
Os dois coração afflito
A sua mai e sua noiva
Chorando em altos gritos.
No dia 10 de dezembro
Quando chego as 10 horas
Que o cachão se foi embora
O seu corpo para cepultura
E sua alma para gloria.
Caregando pelos seus amigos
Assim se foi sepultado
Com cento e vinte pesoas
Todos foram acampanhado
Veja assim como ele era
De todos estimados.
Meu amorozo amigo
Não podemos fazer mais
Trazermos te a sepultura
Na caza dos mortais
Deus te leve para gloria
Para assim la descançar.
Companheiro amigos meus
Uma couza eu vos digo
Rezemos um padre nosso
Para alma deste amigo
Para que Deus la no seu
Bote ele em bom abrigo.
No fim destes versos
Uma verdade eu vos digo
Como podemos esquecer
Da morte deste amigo
Estes versos e uma lembrança
Que acompanha comigo.
Minha querida gente
Tem creação para chorar
Vai embora este amigo
Tão estimado do logar
Pedimos a Deus do seu
Que ele bote em bom logar.
FIM.
TRANSCREVI DO ORIGINAL COM A GRAFIA E OS “ERROS “ DE PORTUGUES EM 26/06/2007,ENCONTRADO NA MALA DE MEU AVÔ FRANCELICIO MARQUES BITENCOURT, ESCRITO EM 1938 .
DEGO BITENCOURT