UMA MULA CHAMADA VITORIA

UMA MULA CHAMADA VITORIA

Meu avô Guilhermino embora nunca tenha freqüentado escola de forma nenhuma, senão a escola da vida. Foi um grande sábio. Autodidata em conhecimentos gerais desempenhou um papel fundamental na sua época, como líder e consultor comunitário. Usando métodos simples conseguia superar as barreiras que o primitivismo histórico impunha.

A matemática foi uma, entre suas várias especialidades. De relógio na mão cronometrava de forma simples e perfeita, qualquer distancia na sua trajetória, usando os passos de sua montaria em seu roteiro por onde andou.

Possuía duas mulas, ruana e vitoria. Ruana de porte mais elevado tinha o passo maior que a vitória. Ele sabia a medida de cada passo, e quantos passos cada animal dava por minuto, usando essa técnica calculava com precisão a distancia marcando o tempo gasto na viagem.

Era muito popular tinha centenas de afilhados. Vez e outra tinham que assumir a guarda de um afilhado órfão.

Ao assumir a guarda de sua afilhada de nome Vitoria, por ocasião do falecimento do pai, a levou para a fazenda aonde residia. Vitória parecia nem possuir Q. I., deu um trabalho enorme até que melhorasse um pouco seu comportamento, aprendendo boas maneiras. Filha de gente muito inculta e paupérrima. Não sabia comportar de forma nenhuma. Mas é também um ser humano, e ainda vive até hoje, embora nas piores condições de higiene. Ao que parece seu ultimo banho, foi na década de setenta quando meus avós ainda eram vivos. Vive uma fantasia dizendo ser uma freira. Reside atualmente nas dependências da sociedade São Vicente de Paula, em Bom Despacho onde cultua sua virgindade.

Logo que Vitória chegou à fazenda de meu avô, certa manhã no horário do almoço, enquanto fazia a refeição, o carreiro da fazenda, saudoso Vicente Roque, também afilhado de vovô! Perguntou: padrinho qual das mulas o senhor quer que prepare para sua viagem à Vila? – Olha Vicente a ruana tem o passo mais largo, sua viagem rende um pouco mais, mas como viagem nela ontem, é o seguinte, prepare a vitória, que está mais descansada! –Vitoria a menina, ouvindo a conversa, largou mão do prato de comida, e se mandou correndo e gritando socorro, socorro, eu não sou mula não!

Custaram acalmá-la e convencer que seu padrinho fizera referencia ao animal e não há ela.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 03/04/2010
Código do texto: T2174332
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