Na fila da comunhão ( o velho Liberáto e a hóstia sagrada- continuação)

O velho Liberáto voltou-se o mais rapido que pode, como se não

reconhecesse aquela vóz atrás de sí, com peso dos seus anos de vida sobre corpo magro, e o joelho direito que não ajudava muito, fôra ferido, segundo a lenda por um tiro dado pelo prório Vírgulino Ferreira da Silva, O lampião, numa batalha lá pras bandas do Angico. Corpo magro mas cheio de vida, ganho nos anos de trabalho nas fazendas da região, sempre em serviço pesado,foi o que o manteve em boa forma, nunca colocára um cigarro na boca, nem mesmo de palha para espantar as muriçoca na hora da pescaria nas tardes longas de verão. Gostava sim, de uma boa cahaça, de uma em especial, produzida no sítio do seu Geraldo Medeiro lá do bar da rodoviária - esta sim... dizia ele - tem até nome diferente," Chalãna " tem da branca e da marela, éra assim que ele sabia dizer.

- Sim seu padre. respondeu meio que receoso.

- Esqueceu do sino ? perguntou o padre - Faltam cinco minútos para o inicio da celebração . Disse, seguindo pra altar seguido por três coroinhas em suas vestes engomadas em vermelho e branco.

- Tô indo seu padre, tô indo... saiu apressado, quase atropelando alguns fiéis que subiam as escadas.

- Seu Liberáto, não se esqueça de puxar o paravento, ou não vai parar uma véla acesa, tá... Disse eu, aquele que escreve neste momento estas linhas, um dos três coroinhas a seguir o padre. Hávia uma certa animosidade entre nós coroinhas, e o velho Liberáto, motivo? futebol !

Conto depois sobre isso.

- Minino chato... resmungou ele, olhando por cima do ombro.

Tudo transcorreu muito bem, o cãntico de entrada, coral afinado com direito a violão e uma flauta, primeira e segunda leitura, o sermão..., ainda bem que o prefeito tinha viajado para uma reunião do partido e não estava na missa como éra de costume. Alguns assuntos incluidos sútilmente no sermão desagradariam com certeza nosso gestor.

Cântico das oferendas,

Eucaristia..., Foi aí que coisa pegou

O coroinha mestre, normalmente o mais velho dos três, posicionado próximo ao padre, levanta a mão direita e chocalha forte o sininho por alguns segundos - triiiiiimmmmmm, avisando que todos devem se ajoelhar.

O padre levanta a hóstia com as duas mão, segura por alguns instante acima da cabeça e em direção aos fiéis, com a luz dos vitrais refletida sobre aquela pequena esfera branca, dava a impressão de que irradiava luz divina, depois pousa-a suavemente sobre o altar, novamente soa o sininho do coroinha mestre.Triiiiiimmmmm

- Estando para ser entregue e abraçando livremente a paixão, ele tomou o pão deu graças e o partiu deu a seus dicípulos dizendo: TOMAI TODOS E COMEI: ISTO É MEU CORPO, QUE SERÁ ENTREGUE POR VÓS.

do mesmo modo - continuou o padre, ao fim da ceia ele tomou o cálice em suas mãos, deu graças novamente, e o deu a seus dicípulos dizendo:TOMAI, TODOS, E BEBEI: ESTE É O CÁLICE DO MEU SANGUE SANGUE DA NOVA E ETERNA ALIANÇA, QUE SERÁ DERRAMADO POR VÓS E POR TODOS PARA O PERDÃO DOS PECADOS. FAZEI ISTO EM MEMÓRIA DE MIM. Triiiiiiiiiiiiiiiimmmmmmmmmmmm

- Eis o mostério da fé... - exclamou o padre.

- Anunciamos, senhor a vossa morte, e proclamamos a vossa ressureição. vinde Sr. JESUS! Respondeu a igreja.

- Rezemos com amor e confiança a oração que o Sr. JESUS NOS ENSINOU:

- Pai nosso.... - A igreja rezou em um coro só.

- livrai-nos o pai....

- Vosso é o reino o poder e a glória para sempre.

- Sr. JESUS CRISTO dissestes aos vossos apóstolos, eu vos deixo a paz,

- A paz do Senhor esteja sempre convosco.

- O amor de CRISTO nos uniu.

- Irmão saudai-vos em CRISTO JESUS.

O coral suavemente começa a entoar o cãntico da comunhão, enquanto a fila de fiéis ia se formando, tendo como o primeiro, seguido pelas filhas de Maria com suas vestes lilás e véus escuros escondendo

seus rostos, de que eu não sei, até hoje não entendi. vinha então como o primeiro da fila, ele, o velho Liberáto, empolgado como sempre parou próximo ao altar, seguido por uma fila que chegava guase a entrada, aguardou o padre com paciência esticar o braço com a hostia em sua mão, em direção a sua boca....

- Isto é o corpo de CRISTO meu filho. Disse o padre.

O velho Liberáto não espera por aquilo, ao balbuciar a palavra amém

ao mesmo tempo que esticava a língua para receber o corpo de CRISTO, a hóstia rodopiou no ar e foi parar no chão.

- Pecado mortal, coxixou uma filha de Maria, atrás do velho

- olha...! - disse outra, que vergonha, velho gagá derrubou a hóstia sagrada. Vai para o inferno quando morrer...

- Quando morrer não! vai agora mesmo. tem de ser espulso do convívio religioso.

- Blasfemia... - Gritou uma velhinha, no final da fila das filhas de Maria.

E o velho não sabia o que fazer nem o que dizer, mas o padre sabia,

ajoelhou-se e com a lingua sorveu a hóstia sagrada do piso frio, a igreja estava em em silêncio.

- Eis o mistério da fé.... e continuou a distribuir a hóstia, enquanto o velho ajoelhado diante do CRISTO crucificado rezava alto, pedindo perdão pelo pecado cometido.

contiunua....

Valdir Moura
Enviado por Valdir Moura em 30/03/2010
Código do texto: T2168586
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