Precisa-se um derrame
Amelinha é dessas moças espirituosas, sempre com alguma tirada bem humorada, mesmo em momentos, que para alguém mais sisudo devesse ser de seriedade. Estávamos num joguinho amigo regado a cerveja, pedacinhos de carne de porco e coca cola quando a campanhinha tocou. Era Amelinha com seu sorriso eternamente pregado na cara, e sem nem dar tempo para cumprimentos foi logo entrando, dizendo e gesticulando como um mestre salas no sambódromo
- Só um derrame me salva, só um derrame me salva.
Paula, amiga de longa data já adivinhava que vinha palhaçada e rindo antecipadamente, perguntou.
- Diz aí, Amelinha, não faz drama e conta, por que só um derrame te salva?
- Amiga, o bicho pegou e pra escapar dos credores, só mesmo um derrame. Saí de casa com cem reais na bolsa mas precisando de hum mil, urgentemente. Cê sabe que da minha casa até aqui a distância é grande. E eu aproveitei pra vir pensando pelo caminho. E, entre um Ônibus e outro, entre uma caminhada e outra, um pensamento e outro, ia comprando raspadinhas pelas lotéricas que encontrava pela frente. Ganhava uma merreca aqui e perdia umas merrecas ali e acolá. . Resultado, não encontrei uma solução nos pensamentos e nem nas raspadinhas, não consegui os mil e ainda perdi os cem. Viu? Só um derrame me salva.
Deu uma gargalhada e arrematou:
- Tem uma cervejinha aí? Apróxima dupla é minha.