Falta de solidariedade
Quando meu primeiro filho nasceu eu estava com 18 anos de idade. Um dia, voltando de uma visita à casa de minha mãe, na cidade vizinha, de ônibus, com meu filhote no colo, aconteceu um imprevisto, daqueles, que, quando lembro, sinto vergonha, mas depois acabo dando boas risadas. Resolvi compartilhar com vocês, queridos leitores.
Bom, meu filho, de repente, começou a evacuar. Mole. Fazia um barulho... Mas, um barulho que todos no ônibus escutavam. Eu, com muita vergonha o limpava a cada evacuação, que não foram poucas! O odor que exalava não era nada agradável. Quem estava sentado por perto foi logo se afastando para trás do ônibus. Só quem não saiu de perto foi o motorista porque não pôde, coitado! Mas, o cobrador foi lá para o fundo do ônibus também.
Quando estava quase chegando à parada que eu ia descer, meu filho deitado na cadeira do meu lado, eu levantava as perninhas dele para limpar seu bumbum que já estava todo assado, tadinho, ele soltou um jato de fezes com tanta pressão que foi espirrar na cadeira do motorista, o qual se aperriou, pois, respingou na sua farda. O cobrador tapava a boca e o nariz com as mãos. Os passageiros, ora riam, ora lamentavam. Eu queria um buraco pra me enfiar dentro com meu filho e o ônibus não chegava nunca. Pedi desculpas ao motorista, que respondeu dizendo: “Moça, leve seu filho para o médico!” Eu respondi: “Claro que eu vou levar!” Toda magoada pela falta de solidariedade...
Finalmente desci do ônibus com meu filho todo fedido, e eu também! O pobrezinho choramingando, e eu também! Ele ainda evacuando e desta vez, vazando pelas pernas do calçãozinho, não tinha mais fralda nem roupinha limpa, até que chegamos na nossa casa. Não sei dos dois quem fedia mais. Tomamos banho, chamei um táxi, e fomos ao médico do INSS que na época era INPS. Ele havia contraído infecção intestinal.
Mariluxa