PALAVRA DE UM TIJOLO
PALAVRA DE UM TIJOLO
Toda comunidade tem um louco. Se não há um, é porque são dois ou mais. Aqui são vários, mas atualmente o mais popular e atuante é o famoso Tijolo. Alcoólatra, social e atuante em matéria de desrespeito.
Descendente de família tradicional. Fora criado com os princípios cristãos. Foi um homem trabalhador por tradição familiar. Após a morte dos pais como já tinha tendência para alcoólatra, aos poucos foi sendo dominado pelo vicio. A principio foi um cômico desfrutável amigo de todos. De repente perdeu o senso de responsabilidade e o seu autocontrole. Ultimamente tornou-se inconveniente sem um mínimo de respeito por quem quer que seja.
Nem mesmo a si próprio, ele respeita, aliás, não sabemos se tem este senso humano. Trocou o trabalho pela demência, e a perambular, vai vivendo tão somente do que a caridade alheia lhe proporciona. Maltrata a todos que cruzam seu caminho. Responde com palavrões todo conselho e critica construtiva que lhe são dirigidos. Tornou-se um personagem profano. Circulando interruptamente quase vinte quatro horas por dia, não tem compromisso com o tempo, faça sol chuva calor ou frio, para ele é o de menos. Sua única preocupação é vagar pelas ruas.
Os familiares cuidaram dele, no inicio de sua demência, com tratamentos e tentativas de recuperação, mas como são de poucos recursos econômicos, não obtiveram resultados positivos. Cuidam da limpeza de sua casinha, herdada dos pais, mas, em vão, ele não colabora, fás suas necessidades fisiologias dentro da própria casa em qualquer lugar.
Vive criando frases e perguntando para as pessoas, - porque você não morre? Indiferente de quem seja, conhecido ou não, de acordo com a resposta. Ele desfila seu palavreado obsceno sobre ela.
Vai sempre à igreja. Entra na fila e conforme o celebrante recebe a comunhão. Como os celebrantes se alternam nas cerimônias, aquele que o recusa na hora da eucaristia, recebe seu agradecimento. Blasfemando, dizendo tudo que vem na boca. - Ele grita padre igual você! Q inferno está cheio!
Há dia em que comporta certinho causando admiração seguindo o ritual com perfeição. De repente levanta de onde esta vai ao altar e acende seu cigarro em uma das velas, em plena celebração. Ao ser repreendido arma o maior barraco. Retirado por alguem, sai dizendo absurdos, diz tudo aquilo que um louco tem a pronta entrega em seus surtos de loucura.
Tornou-se um caso sem solução, um problema social que nos coloca num dilema. Como agir com uma pessoa adulta que não sujeita tratamento. Não respeita ninguém e é dono do próprio nariz?
Talvez a mais culpada seja a própria sociedade, que aos poucos foi aceitando a situação, até atingir o estágio de demência mental, há que se encontra. Como já mencionei, de inicio ele foi um cômico tolerante e respeitoso, mas no decorrer do tempo, com o peso da idade e o agravamento de seu vicio parece irrecuperável.
Se alguma autoridade o aperta nos raros momentos de sobriedade, ele baixa a cabeça e diz que conversa de bêbado não tem valor, que ninguém deve considerar seus ataques dementes. Sempre afirma que bebe para esquecer o único e grande amor que teve na vida. E ao mesmo tempo afirma: se tivesse ficado com este amor, teria que beber dobrado para tolerar sua feiura e a sua falta de higiene. "Palavra de tijolo"