FILHO DA RUBEÓLA
FILHO DA RUBÉOLA
Fá desde que nasceu foi um garoto diferente. Nos primeiros meses dormia muito e não se incomodava com barulhos e ao aproximar de um ano de idade uma das avós arladeou, ele é surdo. Não deu outra após ser levado ao médico de ouvidos cujo nome nem me atrevo de escrever de tão difícil, não deu outro o garoto é surdo. Causa rubéola durante a gravidez.
É o primeiro filho de um casal. Logo após o diagnostico desetendem-se mais ainda. A mãe com cara de Madalena arrependida e o pai já alcoólatra inveredra-se mais ainda como se fosse preciso justificar o injustificável. Ainda tiveram mais duas filhas e o pai com cara de bandidão de filme mexicano some do mapa. Bandeia-se pelos garimpos do Rio Madeira.
A mãe fica administrando os bens do casal, mas como não tinha experiência se envolve com motoristas e donos de vídeo locadora. Consegui divorciar por meio de precatório após o quinto ano da deserção do marido.
Os filhos conseguem estudar inclusive o Fá com ajuda da Associação dos Deficientes Auditivos. Destaca-se pela amizade com os demais transforma-s em professor de Futebol de Salão do grupo sendo amparado temporariamente pela Secretaria de Educação. Aprimora-se em computação hoje exerce a profissão de digitador em uma grande sapataria.
Na associação conhece uma moça também deficiente auditiva e começam a namorar. São noivos e ambos conseguem emprego de lecionar a língua de sinais na Secretaria de Educação de Aparecida.
Dizem que não existe carma, mas quando se defronta com casos assim a gente precisa pensar duas vezes para falar.
Não há delongas nessa conversa é a existência de um filho da rubéola.
Goiânia, 15 de MARÇO de 2010.