FAZER O BEM AO PRÓXIMO

Há uns dez anos, numa viagem de negócios em São Paulo, tive uma experiência única, que me pôs a refletir as minhas ações para com o próximo.

Numa Sexta-feira, pela manhã, eu andava apressadamente para chegar na empresa onde trabalhava; teríamos uma reunião importante com fornecedores de produtos importados.

Passando em frente á uma casa lotérica, vi uma senhora mendigando, implorando por uma moeda. Devia Ter pouco mais de 50 anos, tinha os pés e as mão cobertos de feridas.

Porém, todos que passavam perto dela, nem a notavam, ou fingiam que não notavam. O mundo não lhe dá tempo nem permite que você se preocupe com os outros, não está dando a mínima para seus sentimentos. O mundo é impiedoso, prega a individualidade; está sempre lhe dizendo: “Pense só em você; não queira dar uma de justiceiro, os outros não estão nem aí pra você, então por que se preocupar com eles?”

Fiz o mesmo que todas as outras pessoas, continuei meu trajeto. Andei até o sinal de pedestres, parei em meio as pessoas e fiquei esperando a hora de atravessar a rua. Logo naquele dia, em que estava atrasado para o serviço, o sinal decidiu caprichar na demora para liberar a faixa de pedestres.

O sinal abriu.

“Graças à Deus!”, disse eu, em pensamento.

Nesse momento, olhei para trás, lá estava aquela mulher, miserável, a esperar a ajuda de alguém, suplicando pelo mínimo de piedade humana.

Movido por um impulso, voltei até lá. Nem eu mesmo estava entendo o que estava fazendo. Parei diante dela, abri a carteira e lhe dei uma nota de dez reais.

--- Deus lhe abençoe, meu rapaz!--- disse a mulher; tão feliz que parecia que tinha ganhado na Mega-Sena.

Tive de esperar novamente que aquele bendito sinal abrisse.

Cheguei na empresa ofegante, de tanto correr, mas de nada adiantou; já estava com um atraso de mais de 10 minutos.

Entrei no elevador, saí no sétimo andar. Entrei afoito na sala, onde deveria estar acontecendo a reunião.

Me enganei, meus amigos de trabalho estavam todos conversando animadamente em volta da mesa.

--- E a reunião?--- perguntei surpreso.

--- Os fornecedores ligaram. Disseram que vão se atrasar um pouco por causa do trânsito--- respondeu Mauro, gerente da empresa.

Sentei no meu lugar, ainda estava surpreso com o meu ato; nunca havia dado 1 centavo sequer para algum mendigo em toda a minha vida.. Sempre pensei que “trabalho não falta pra que quer trabalhar”.

No final do dia, ainda me perguntava o porquê de Ter arriscado o meu emprego para ajudar aquela mulher, que não tinha nada a perder.

Distraidamente esbarrei numa velha freira, fazendo com que sua bíblia caísse no chão.

Meio desconcertado, abaixei para pegar a bíblia. E antes de devolvê-la à dona, consegui ler um pequeno trecho que dizia: “Todas as vezes que fizeste o bem à menor das criaturas, foi à Mim que o fizestes!”.

Aquele trecho respondeu o que eu me perguntava e não obtia respostas. Fiquei perturbado: coincidência, ou será que Deus realmente quis se comunicar comigo?

Continuei meu trajeto até o apartamento onde estava hospedado. Passei em frente à loteria, a mendiga não estava mais lá.

Curioso, perguntei à um vendedor ambulante se ele havia visto para onde aquela senhora havia ido, mas ele respondeu que vendia churros naquela calçada à mais de 5 anos e que por ali nunca apareceu nenhuma mendiga.

Fiquei aflito, será que teria ficado louco e avistara uma mendiga que na verdade nunca existira?

Perguntei à outras pessoas, até aos funcionários da loteria, e todos responderam a mesma coisa: nunca existira nenhuma mendiga naquele local.

Será que estava sonhando?

Me belisquei; que dor!!! Estava bem acordado.

Cheguei no apartamento quase tendo um surto; sempre fui um homem tão equilibrado, não poderia estar ficando louco de uma hora para outra.

Tirei a carteira do bolso, contei o dinheiro e realmente estavam faltando dez reais.

Algo fora do normal estava acontecendo. Algo que a razão não poderia explicar.

Milagres? Sinais? Avisos?

Não sei responder ao certo, mas certamente Deus pode comunicar-se com os humanos. Basta estarmos abertos a receber seus ensinamentos.

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Igor P Gonçalves
Enviado por Igor P Gonçalves em 12/03/2010
Reeditado em 12/03/2010
Código do texto: T2135086
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