A mensagem maldita
Era só mais um dia daqueles infernais, em que o gerente parecia o demônio, querendo, a qualquer preço, destruir cada um daqueles que estavam por perto, embora todos fizessem o seu trabalho com responsabilidade e compromisso, mais por medo, do que por motivação.
Era problemática a pessoa. Um homem muito infeliz. Vivia sozinho, sabia-se que tinha sofrido uma grande decepção amorosa e que por isso nunca encontrou sua cara metade, rendendo-se à solidão. Fazia questão de mostrar a sua raiva do mundo, não hesitava em maltratar as pessoas. Tinha um ar de soberania, era muito autoritário e queria que as pessoas o obedecessem.
Naquela tarde ele chegava de uma reunião importante. Não se sabia, jamais, pela sua cara, se teria sido positivo ou negativo o resultado do encontro, a não ser após qualquer manifestação do seu humor.
Entrou na sala e, por um motivo tolo, chamou a secretária e descarregou na pobrezinha todo o ódio que guardava em seu coração. Ela somente havia lhe repassado um recado, juntamente com o material entregue para avaliação, antes da conclusão de um determinado trabalho.
Ele tratou a moça com uma absurda grosseria, destratando-a a ponto de ela sentir-se arrasada.
Calada, porque a hierarquia não lhe permitia dar a resposta merecida àquele “animal” raivoso, a secretária saiu da sala, irada, magoada e foi desabafar com um colega de trabalho, através do e-mail.
Sentou, descarregou no teclado o seu intenso desejo de responder a cada insulto do chefe, escrevendo para o amigo sobre o acontecido. No assunto, item que determina a escolha entre ler, apagar ou ignorar os e-mails, a infeliz colocou “viado!!!”. Numa narrativa clara e objetiva, relatou para o amigo a discussão com o gerente, inclusive fez uso de palavrões. A pessoa estava completamente dominada pelo desejo de revidar.
Mas, ao dar o comando “enviar mensagem”, o susto! Viu a caixa de diálogo sendo preenchida de verde, o que significava que a mensagem estava sendo enviada. Mas, o desastre: a mensagem direcionada ao seu amigo, estava indo para o chefão. Desesperada, clicou em “cancelar” e, no auge da loucura, sem ler a caixa seguinte, clicou de novo em “cancelar”, cancelando assim, o comando anterior. A mensagem foi para a pessoa errada.