MACHÃO ESTRUPADO POR MOLEQUE

UM CORONEL MACHÃO ESTRUPADO POR UM MOLEQUE

No tempo do império a força motora mais eficiente no transporte terrestre foi do cavalo. Seja como montaria, nas carroças, ou nas sofisticadas carruagens, usadas pelos nobres diligenciadas pelos cocheiros.

Assim como atualmente, o automóvel tem seus equipamentos luxuosos. No passado as montarias e carruagens também foram equipadas com ricas selas bem construída, com argolas de pratas pelegos e coxins confeccionados com muito luxo. As guaiacas bem trabalhadas bordadas com fios de ouro e pratas faziam parte destes equipamentos. Era um privilegio dos ricos. Todo milionário possuía a sua, que era usada com requinte e galhardia.

Todo povoado ou vilarejo sempre tiveram seus manda chuvas. Coronéis que desfrutavam de seu prestigio, mandando e desmandando na sociedade como se fossem seus verdadeiros proprietários. Poderosos, escudados com suas patentes concebidas à custa de suas fortunas. E que ninguém ousasse desafiá-los.

Também tinha aquele pobre coitado que vivia sonhando com a fantasia em possuir sua rica montaria e desfrutar deste conforto.

Pois bem Chiquinho um mulato muito espevitado, vivia de olho na guaiaca do coronel. Sonhava um dia poder exibir para os colegas usando aquela beldade. Respeitado na comunidade todos se curvavam diante das ordens do coronel machão.

Certo dia Chiquinho amanhecera de pé direito à frente, cruzou com o coronel na rua, pouco adiante encontrou sua guaiaca, que por descuido esquecera solta na montaria ao se preparar em sua saída. Contente o moloque apanha o objeto que por sinal estava abarrotado de dinheiro. Cinjindo com ele, lá foi ele esnobando grandeza gastando aqui e ali pelo comercio afora.

Logo toda a população daquele povoado estava à procura do objeto, atraída pela recompensa oferecida pelo coronel. Não tardou, alguem dedurou o Chiquinho. Intimado ele comparece a delegacia. O delegado muito rígido e o coronel sisudo e exigente. Começam a oitiva do moleque. O delegado com seu vozearão amassador inquiriu: -- Então seu Francisco? Melhor dizer logo antes que a borracha entre em ação! Como é que adquirentes esta guaiaca?

– Seguinte doutor! Estava eu perambulando pela rua num tesão dos diabos!Encontrei um homem forte muito bêbado, deitado de buços com as calças abaixadas e o perseguido à mostra... Como dizem que este objeto de bêbado não tem dono, eu a seco e a perigo... Aproveitei a oportunidade me aliviei com ele! Depois apanhei sua guaiaca e levei pra casa... Mas minha intenção é devolvê-la! Agora se estou errado, me rendo doutor! Aqui está ela e peço que me perdoi!

O coronel se levantou e disse: - doutor essa guaiaca não minha não! A minha tem duas fivelas e essa tem apenas uma! Pode deixar o Chico com ela.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 08/03/2010
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