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HORAS DE SEXO TROCADAS POR UMA MULA VELHA
No tempo da colonização os primeiros habitantes espalhados pelos sertões, foram assistidos por uma rede comercial explorada pelos caixeiros viajantes.
Um seguimento que marcou sua passagem na história. Composto por comitivas tropeiras, que embrenharam sertão a dentro, veiculando informações e comercializando os manufaturados importados. Ambulante, distribuindo ferramentas tecidos e alguns bens de consumo. Trocados por produtos artesanais fabricados por sertanejos e silvícolas. Estes elementos prestaram grandes serviços aos colonizadores, nativos e a própria colônia. Muitos deles se destacaram, fazendo fortuna, construindo amizades em suas andanças.
Rio de Janeiro era o ponto central onde concentravam todos os recursos da economia, atraindo toda a atenção cultural da colônia. Foi fundamental esta atuação tropeira no intercambio comercial.
Para os sertanejos tudo de mais granfino e chique vinha da corte ou do reino como referia no seu linguajar. Muitas lendas são narradas. Algumas sem a menor probabilidade de serem verídicas, mas que acabou incorporada na história. São as mentiras culturais, que adquirindo espaço e adéptos, se transformaram em mitos folclóricos.
Alguns destes mascates chegaram acumular seus contos de réis. E julgando-se poderosos, se metiam a conquistadores cometendo alguns abusos.
Determinado caxeiro passava sempre por uma fazenda onde pernoitava com freqüência no seu roteiro. Os proprietários um casal muito cordial e hospitaleiro lhe deu toda liberdade em sua casa. Era uma bela mulher, simpática e comunicativa, despertando certo interesse no caxeiro metido a conquistador. Já há tempos tanto ela como o marido notaram que ele deitava os olhos nela com maldosa intenção. Certa passagem em seu roteiro o marido não se encantava. Ele foi recebido pela gentil senhora com a mesma cordialidade costumeira. Entusiasmado, imaginado tirar proveito da oportunidade, ele tirando onda de dom Juan, lhe ofereceu dez contos de réis por alguns momentos de amor. Ela gentilmente pediu-lhe que aguardasse por um momento, afirmando que em que breve voltaria. Ansioso cheio de tesão e expectativa ele aguardou. Minutos após ela volta trazendo junto dois cabras com duas facas e duas pedras de amolar. Deu a seguinte ordem aos brutamontes:
Se meu marido mandou que amolassem as facas para castração, não marcasse lugar, pois bem enquanto vocês cumprem sua ordem, faça sala a esse senhor até ele voltar. Ele me fez uma proposta irrecusável, mas com o marido ausente, eu não posso aceitá-la. Nada faço que não seja do seu conhecimento. Para que não haja duvida vocês serão testemunhas do negócio. Acredito dentro de no máximo duas horas, meu esposo chegará. Ai ele decidirá, se concordar fecharemos o negócio. O cabra ficou igual camaleão a cada momento uma cor. Vez por outra um dos peões dizia minha faca já está boa! O outro respondia - tu não conheces o patrão! Faca pra castrar tem que ser raspando cabelo, amole mais! O outro levava a faca no baço soprava os pelos sobre ela eles voavam como plumas, de tão afiada. O caixeiro a essa altura cortaria qualquer linha pelo botão, só de pensar na dor quando lhe botasse sal na capadura. Segundo comentava os dois peões sobre recomendações do patrão no preparo, a água teria que conter bastante sal.
A mulher sentada na sala e ele tentando recobrar a voz para mudar sua proposta. Ela perguntando como estavam às coisas la pelo Rio se era verdade que D. João VI voltaria para Portugal, ele mal respondia.
Em dado momento encorajado, propôs deixarem o negocio de lado. Ela disse, – quem já aguardou até agora mais uma hora não fará diferença meu marido está pra chegar!
Eis que de repente um tropel de cavalo esbarra na porta; o marido chega, entra na sala e pergunta. – O que esta acontecendo mulher? –Este senhor me fez uma proposta, mas como não resolvo nada sem sua autorização ele está aguardando! –E do que se trata? – Ele ofereceu dez contos de réis por aquela mula manca, velha despelada, que está lá na cocheira! –Que isso mulher... Negocio assim você mesmo resolve, isso é verdade amigo? –Não... Ela enganou na verdade eu disse quinze contos!- Negocio fechado! Vamos logo com isso porque o tempo ruge e tenho ainda muito serviço vamos castrar algumas dezenas de porcos antes do anoitecer.
Aliviado ele efetuou o pagamento. Lá se foi puxando a mula assim que saiu a divisa da fazenda pra fora, pê da vida, puxou o revolver e deu dois tiros no animal, seguindo viajem. Descapitalizado perdeu sua profissão.
--- ESSE CONTO EU DEDICO AO AMIGO JOSÉ CLÁUDIO----