FAMILIA JECA E HOMEM QUE VEIO DO CÉU
FAMILIA JECA E O HOMEM QUE VEIO DO CÉU
Triste e deprimido ele saiu sem rumo. Passara a rédea na cabeça da sela deixando seu cavalo trotar a vontade, a estrada longa levá-lo-ia a lugar nenhum. Sem rota nem compromisso. O que não queria mesmo era mais tantas asneiras. Enganou-se quando encantou com tamanha beleza da jovem mãe de seus três filhos. Só que agora estava cansado, bobagem também tem limites. O que diriam seus conterrâneos. Seus pais vinham por ai e juntos alguns amigos. Envergonhado estava decidido, só voltaria quando encontrasse alguem tão ou mais bobo do que os seus.
Após muito andar, fez a primeira parada. O sol escaldante o deixara ofegante. Enquanto se refolgava na sombra da mangueira, a porca amamentava seus filhotes. O guri brincava com uma cabra a porta da humilde casa, enquanto na sala, com sua roda de fiar, a mãe transformava em linha o algodão cardado.
Lembrando seu objetivo cheio de dúvidas e incertezas, um suspiro consolador arranca-lhe palavras involuntárias. Foi sem querer, mas saiu: há minha mãe...! Exclamou ele.
O garotinho solta a corda que prendia a cabra, sai em disparada e grita: - manheê, o moço diz que a porca pintada sua mãe! Esbafurida a mulher pergunta:- verdade seu moço? - Sim senhora verdade!
- Então devemos pra você muito dinheiro! Porque já comemos vários irmãos seus, E até seu pai que era enorme, além da carne, deu muita gordura! Temos que paga-lo mande fazer as contas! Na colheita volte cá meu marido é homem honesto e pagamos tudinho! Acertado os detalhes, mais confortado ele procedeu a seu roteiro incerto. Quando caiu a tarde estava ele no curral de uma grande fazenda, um rebanho fabuloso, peões indo e vindo. Meia dúzia de guris corria atrás de uma bola de meia no pátio da casa. Saltando da montaria outro suspiro seguido por um desabafo... Hô pai do céu! Um garoto larga a bola e corre até a mãe. -Manheê o moço diz que veio do céu! Emocionada veio a mulher e interroga:- verdade que vieste do céu? – Verdade senhora! – Viste meu marido por lá? – Sim inclusive mandou lembranças! –Poderia levar umas coisas a ele? - Perfeitamente! - Levaria sua mula de estimação também? – Sim levarei tudo que a senhora mandar objetos pessoais dinheiro qualquer coisa com o maior prazer!
Assim no dia seguinte o felizardo voltou para seu lar carregando o tesouro do falecido, muito contente... imaginando que atrás de morro tem serra!