CHAME O DOUTOR

CHAME O DOUTOR

Uns poucos minutos bastaram para que a Dona DAS DORES fosse ajeitada na sua cama batente de casal, revestida com colchão de capim, é dada a ordem imediata para que suas filhas corressem até a casa o Dr. Dione , afim de que ele pudesse atender sua cliente numero um , número um em problemas , não em pagamento de consultas , pois ele atendia qualquer pessoa indiferente se ela tivesse dinheiro ou não . As duas filhas recadistas saem em disparada a fim de chamar o médico e grande amigo. DAS GRAÇAS a segunda filha, baixa e gordinha, muito embora com seus nove anos era menor de que DAS MARIA que embora mais nova era comprida e magra, nos seus quase oito anos. Ao adentra á casa do Doutor , postaram-se em frente a porta do consultório, bem trabalhada com pintura azul profundo a óleo, deram duas batidas e aguardaram . Como já era noite o médico demorou um pouco a atender, pois se encontrava em outro cômodo de sua casa. Ao abrir a porta deparou com aquelas duas figurinhas, bem vestidas, a mais velha com seu cabelo enrolado, a mais nova com os cabelos compridos e encaracolados batendo pouco abaixo dos ombros. Cumprimentaram em coro:

-Boa-noite Doutor Dione?

-Boa -noite, respondeu, o que é que foi que sua mãe aprontou agora?

-Sabemos não Doutor, ela desmaiou.

O médico pegou a sua maleta, já estava vestido com a inseparável camisa branca de mangas compridas, chegou até a porta, deu uma paradinha com se tivesse lembrado de alguma coisa, colocou a maleta em cima de uma mureta que servia para colocar vasos, voltando para dentro, regressou de imediato vestindo um paletó de casimira preto, compondo com a calça da mesma cor, um terno de corte impecável . Pegou na mão da DAS GRAÇAS, seguindo em direção à casa delas . Lá chegando, procurou ONOFRE na oficina de calçados, onde ele sempre ficava não o encontrado ali. Como tinha toda liberdade na casa da cliente que mais lhe dava trabalho, foi entrando só parando na soleira da porta dos quartos, pois os dois eram conjugados.

-Oh de casa, gritou. As irmãs falam-juntas, fazendo às vezes da casa, postaram-se mais a frente :

- Pode entrar "Doto"...E foi o que ele fez até chegar próximo da cama de DAS DORES . Tirou a pulsação no braço direito dela. Pegou um pequeno frasco na valise fazendo-a cheirar.

Alguns segundo passaram-se até ela esboçar as primeiras reações. Aos poucos foi recuperando os sentidos, levando bons minutos para gritar:

-Vou morrer Doutor, vou morrer de tanta vergonha. Gritava e gritava sem parar. O médico que já a conhecia de longas datas, deixou-a continuar o seu teatrinho. Até que já próximo das 21:00 horas, o serviço de alto falante entrou no ar, em edição extraordinária. Foi só ouvir os primeiros acordes da música estridente que era usada com prefixo, DAS DORES deu uns pinotes na cama e histericamente gritou:

-Não deixa não gente, vão falar mal da minha menina, corre lá Altair e não deixa não. Agora sim Doutor, agora eu morro mesmo. Impassivo o Doutor respondeu:

-É só não morrer como já morreu de outras vezes.

-Ta brincando comigo Doutor, eu estou mal, anda, me dá um remédio de tomar porque esse de cheirar não está com nada. Cadê gente o remédio?...

O médico após lhe aplicar um tranqüilizante. Saiu do quarto porque ali com todas as janelas trancadas, fazia um calor infernal.

-Até logo ONOFRE, Boa-noite DAS DORES , amanhã cedo eu volto.

-Não, não vai embora não Doutor me xinga antes, me xinga...Falou a cliente, amolecendo e adormecendo de imediato.

Altair lembrou então de contar as filhas, DE FÁTIMA , muito sardenta , nos seus três anos esta em um berço , LEO com aproximadamente dez meses, estava em outro , as falam-juntas ali coladas na cama da mãe , sem perder uma só conversa de tudo que passava ; e a GEMA onde estaria ?...

Sem pestanejar, correu para o quintal a procura da filha que estava faltando, procurando por entre a hortas e as fruteiras abundantes daquele recanto, todo prateado sob os raios da lua cheia, só foi encontra-la brincando de cócoras com seus surrado vestido de chita branco, com florinhas azuis entre xadrezinhos vermelhos de três riscos, surrado o vestido , mas impecavelmente limpo , esta era uma de suas características , brincava sempre sozinha , mas nunca sujava a roupa daquela terra vermelha e saudável lá do fundo do quintal.

- GEMA , vem cá menina , vem explicar o que é que você fez lá na escola. Ao aproximar-se dela, pensou, hoje não, vou deixar para amanhã, quando a DAS DORES acordar.

Goiânia, 28 de FEVEREIRO de 2010.

jurinha caldas
Enviado por jurinha caldas em 28/02/2010
Código do texto: T2111721
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