Comício
Para quem conheçe a boa gente nordestina interiorana certamente vai entender tudo que aqui vou relatar.
Época de eleição nesses recantos tem a função de cerimônia do Óscar, só se fala nisso e só se respira campanha. Amigos de infância se desconhecem, inimigos se supreendem com afinidades antes nunca imaginadas.
Coisa boa é à hora dos comícios (antes das novas regras, se podia tudo) e num desses, lá pelas tantas com os animos inflamados algo bem hilário aconteceu. Ordenados os falatórios e como sempre os mais empolgados teriam as derradeiras falas.
Surge enfim o tão esperado orador injustiçado pelo grupo adversário, que de antes fazia parte.Choveu aplausos, gritos histéricos, todos aguardavam as tais bombas anunciadas à boca eficiente e tão miúda durante toda semana antecedente ao evento.
Com a horda acalmada começou a falação:
-Tenho provas que aquele cara é desonesto (referência ao inimigo de hoje amigo do ontem) me fez de bobo, todos sabem como eu o ajudei a chegar à prefeitura..., blá blá blá. Cada coisa que dizia crescia admiração , mas o danado era esperto e sabia que depois desse comício outro não mais se faria até a eleição e deixou bem pro final a tal da revelação e num golpe de mestre olhando disfarçadamente o relógio rasgou o verbo , mostrou pasta azul com toda documentação , disse encarando o povo:
- Aqui está a prova do que digo e não há enganação. O momento foi único na praça onde o povo suspendeu a respiração e num arroubo bem empolgado choveu aplausos e berros, assobios e os fogos fizeram toda a encenação.
Depois disso virou para o sogro ao fundo do palanque e num gesto bem solene entregou a papelada. O homem conhecido por sua honestidade agarrou a preciosidade, desceu as escadas escoltado correu para casa e lá chegando sem falar nenhuma palavra foi para o cofre trancafiar as provas da maldição.
Suspirou aliviado, missão cumprida. Mas nutria uma curiosidade que esperaria matar com a chegada do genro depois das formalidades. E lá para as tantas depois de tudo acalmado, eis que surge o palestrante rindo à toa por tanto sucesso. O velho todo inquieto disparou logo interrogatório e o genro na cara mais lavada respondeu quase sem folego:
-Nessa pasta não há nada, nem sei se ele fez mesmo burrada, mas como não dá tempo pra provar, mandei o povo pra casa com a cabeça recheada de mil histórias para contar.
Para quem conheçe a boa gente nordestina interiorana certamente vai entender tudo que aqui vou relatar.
Época de eleição nesses recantos tem a função de cerimônia do Óscar, só se fala nisso e só se respira campanha. Amigos de infância se desconhecem, inimigos se supreendem com afinidades antes nunca imaginadas.
Coisa boa é à hora dos comícios (antes das novas regras, se podia tudo) e num desses, lá pelas tantas com os animos inflamados algo bem hilário aconteceu. Ordenados os falatórios e como sempre os mais empolgados teriam as derradeiras falas.
Surge enfim o tão esperado orador injustiçado pelo grupo adversário, que de antes fazia parte.Choveu aplausos, gritos histéricos, todos aguardavam as tais bombas anunciadas à boca eficiente e tão miúda durante toda semana antecedente ao evento.
Com a horda acalmada começou a falação:
-Tenho provas que aquele cara é desonesto (referência ao inimigo de hoje amigo do ontem) me fez de bobo, todos sabem como eu o ajudei a chegar à prefeitura..., blá blá blá. Cada coisa que dizia crescia admiração , mas o danado era esperto e sabia que depois desse comício outro não mais se faria até a eleição e deixou bem pro final a tal da revelação e num golpe de mestre olhando disfarçadamente o relógio rasgou o verbo , mostrou pasta azul com toda documentação , disse encarando o povo:
- Aqui está a prova do que digo e não há enganação. O momento foi único na praça onde o povo suspendeu a respiração e num arroubo bem empolgado choveu aplausos e berros, assobios e os fogos fizeram toda a encenação.
Depois disso virou para o sogro ao fundo do palanque e num gesto bem solene entregou a papelada. O homem conhecido por sua honestidade agarrou a preciosidade, desceu as escadas escoltado correu para casa e lá chegando sem falar nenhuma palavra foi para o cofre trancafiar as provas da maldição.
Suspirou aliviado, missão cumprida. Mas nutria uma curiosidade que esperaria matar com a chegada do genro depois das formalidades. E lá para as tantas depois de tudo acalmado, eis que surge o palestrante rindo à toa por tanto sucesso. O velho todo inquieto disparou logo interrogatório e o genro na cara mais lavada respondeu quase sem folego:
-Nessa pasta não há nada, nem sei se ele fez mesmo burrada, mas como não dá tempo pra provar, mandei o povo pra casa com a cabeça recheada de mil histórias para contar.