Tiro perdido...
Roberto Mateus Pereira
26/fev/2.010
Almoçando com um velho amigo, ex-delegado de polícia, jogamos por um bom tempo muita conversa fora, quando recordamos bons e maus momentos vividos em nossa profissão; para manter a privacidade dos envolvidos no caso que contaremos, optamos por lhes dar nomes fictícios.
Naquela época, ele era um investigador de polícia que iniciava sua carreira dentro da Polícia Civil e o identificaremos simplesmente pelo nome de Victor.
Aquela manhã do dia 27 de julho de 1977 amanhecera fria, típica da estação, e um grupo de policiais, civis e militares se preparava para realizar o cumprimento de alguns Mandados de Busca e Apreensão em algumas residências, dentre as quais estava a casa de “Zezinho”, filho da “Maria”, menor que se apresentava para a polícia como um forte candidato a crescer dentro da criminalidade, pois, ainda adolescente, já possuía uma vasta ficha criminal.
Certos das dificuldades que encontrariam nas residências a visitar, os policiais se organizaram para evitar que toda a ação fosse prejudicada por um ato isolado, fora da programação.
As buscas foram transcorrendo dentro da normalidade, até que, na casa do “Zezinho”, um fato imprevisto mudou toda a história, colocando todos os policiais diante de uma situação de alto risco.
Victor portava na cintura uma automática 9mm, carregada até a boca (onze balas no pente) e, no momento em que tinha o menor sob o seu domínio, o pai do adolescente chegou de surpresa, desviando a atenção dos policiais, possibilitando que “Zezinho” escapasse das mãos de Victor, lhe arrancasse a arma e apertasse o gatilho em direção ao peito do policial. Foi um Deus nos acuda, com os policiais correndo pra todo lado, inclusive Victor, que se escondeu atrás da perua Kombi da PM, já que “Zezinho”, de posse daquela arma perigosíssima, apontava para todos, acionava o gatilho e “necas” de o tiro sair.
Como Victor tinha o costume de manter a arma travada para sua segurança, dificultou a ação daquele menor, que, no futuro, em companhia do seu irmão, se transformaria num bandido de alta periculosidade.
Quando ele conseguiu destravar a arma, descarregou o pente em direção aos policiais que, felizmente, já se encontravam protegidos das balas. Contudo, o soldado “Carlos”, que se encontrava no interior da perua Kombi, ao volante, não teve tempo de procurar outro lugar mais seguro, de maneira que acabou sendo salvo pelo gongo, ou melhor, pelo velocímetro, pois “Zezinho” apertou o gatilho em sua direção, o projétil perfurou a lataria da Kombi e foi se alojar nessa peça, a trinta centímetros do peito do policial.
Victor só esperou a arma negar fogo para “voar” em direção ao menor, dominá-lo e recuperar sua valiosíssima “9mm”.
O certo é que muitos deles estavam molhados (de suor) e, naquela manhã, os termômetros marcavam apenas 10º C.
Roberto Mateus Pereira
26/fev/2.010
Almoçando com um velho amigo, ex-delegado de polícia, jogamos por um bom tempo muita conversa fora, quando recordamos bons e maus momentos vividos em nossa profissão; para manter a privacidade dos envolvidos no caso que contaremos, optamos por lhes dar nomes fictícios.
Naquela época, ele era um investigador de polícia que iniciava sua carreira dentro da Polícia Civil e o identificaremos simplesmente pelo nome de Victor.
Aquela manhã do dia 27 de julho de 1977 amanhecera fria, típica da estação, e um grupo de policiais, civis e militares se preparava para realizar o cumprimento de alguns Mandados de Busca e Apreensão em algumas residências, dentre as quais estava a casa de “Zezinho”, filho da “Maria”, menor que se apresentava para a polícia como um forte candidato a crescer dentro da criminalidade, pois, ainda adolescente, já possuía uma vasta ficha criminal.
Certos das dificuldades que encontrariam nas residências a visitar, os policiais se organizaram para evitar que toda a ação fosse prejudicada por um ato isolado, fora da programação.
As buscas foram transcorrendo dentro da normalidade, até que, na casa do “Zezinho”, um fato imprevisto mudou toda a história, colocando todos os policiais diante de uma situação de alto risco.
Victor portava na cintura uma automática 9mm, carregada até a boca (onze balas no pente) e, no momento em que tinha o menor sob o seu domínio, o pai do adolescente chegou de surpresa, desviando a atenção dos policiais, possibilitando que “Zezinho” escapasse das mãos de Victor, lhe arrancasse a arma e apertasse o gatilho em direção ao peito do policial. Foi um Deus nos acuda, com os policiais correndo pra todo lado, inclusive Victor, que se escondeu atrás da perua Kombi da PM, já que “Zezinho”, de posse daquela arma perigosíssima, apontava para todos, acionava o gatilho e “necas” de o tiro sair.
Como Victor tinha o costume de manter a arma travada para sua segurança, dificultou a ação daquele menor, que, no futuro, em companhia do seu irmão, se transformaria num bandido de alta periculosidade.
Quando ele conseguiu destravar a arma, descarregou o pente em direção aos policiais que, felizmente, já se encontravam protegidos das balas. Contudo, o soldado “Carlos”, que se encontrava no interior da perua Kombi, ao volante, não teve tempo de procurar outro lugar mais seguro, de maneira que acabou sendo salvo pelo gongo, ou melhor, pelo velocímetro, pois “Zezinho” apertou o gatilho em sua direção, o projétil perfurou a lataria da Kombi e foi se alojar nessa peça, a trinta centímetros do peito do policial.
Victor só esperou a arma negar fogo para “voar” em direção ao menor, dominá-lo e recuperar sua valiosíssima “9mm”.
O certo é que muitos deles estavam molhados (de suor) e, naquela manhã, os termômetros marcavam apenas 10º C.