Casa de papel capa dura

Aquele senhor a longos anos trabalhava naquela vasta biblioteca. Dentro dela ele catalogava e conhecia os principais livros de literatura, economia, filosofia, psicologia, entre outros.

Habituado com a leitura do seu jornal de bairro, ele não apreciava nenhum daqueles livros.

Por algum motivo obscuro, aquele senhor nunca buscou o conhecimento imensurável contido naquelas prateleiras. Por que não um clássico da literatura universal, por que não um Fausto, um Machado de Assis ou um Dom Quixote da vida? Inclusive ele achava alguns desses nomes bonitos, para não dizer engraçados.

Buscava mesmo a paz no ambiente de trabalho e com o tempo ela foi chegando. Antigamente, os estudantes apareciam com maior freqüência.

Talvez buscassem um livro como uma forma de passatempo, uma fonte de conhecimento ou para tirar alguma dúvida que aflige uma pessoa em algum momento da vida.

Hoje em dia, para eles, isso não conta, a leitura era uma obrigação escolar ou algo voltado exclusivamente para sua profissão. E assim os seus dias passavam de uma maneira mais lenta, fazendo com que ele sentisse aos poucos menos útil e importante para a sociedade.

Atualmente, aquele homem ficou espantado com um rapaz franzino que chegava todos os dias bem cedo na biblioteca, procurando pelos grandes clássicos da literatura.

O ancião ficou admirado com o gosto pela leitura que o garoto demonstrava, no qual poucas vezes tinha visto igual.

Logo uma fagulha de inveja aflorou, quando percebeu que os mesmos livros que representava um dia de trabalho triste em meio da poeira burocrática daquele lugar, era a razão de viver de um garoto estigado por aprender e desenvolver o seu senso crítico.