MORTE MICHURUCA

MORTE MICHURUCA... JAMAIS

O profissionalismo é um requisito indispensável, em qualquer área de trabalho. Talvez seja ele o fator mais importante para ser bem sucedido na área profissional.

Sou comerciante há muitos anos, tenho amigos que são meus clientes, desde que estabeleci com a minha pequena empresa. Considero-os membros da minha família. Já me aposentei, mas não consigo deixar de trabalhar, motivado por esta irmandade que me enaltece material e espiritualmente.

O comercio como tantas outras profissões é um verdadeiro sacerdócio e merece um comportamento ético de alto nível. Em nosso local de trabalho, como no dizer popular: passam bois e também boiadas. Temos que ouvir muito e falar na medida exata. Não devemos discordar nem tampouco concordar conforme seja o assunto que normalmente corre na mídia.

São muitos os fatos pitorescos ocorridos. Mas por questões éticas fingimos que nada vimos, nem ouvimos.

Há cliente que trás seus problemas domésticos em forma de desabafo. Talvez motivado pela confiança adquirida em nossos anos de convivência. Temos obrigação de lhes dar atenção até por uma questão de educação, afinal ouvir o outro também é um dever cristão.

Dia destes notei certo nervosismo em determinada cliente, percebi não estar encontrando a mercadoria desejada. Ofereci-lhe ajudar, quando veio a resposta; - procuro veneno pra rato!

Repondi: – Olha não trabalhamos, mas tenho ratoeira é um lançamento novo, excelente, tem dado bons resultados!

- Não... Obrigado! Quero veneno mesmo, e se possivel o mais mortífero!

-Tudo bem, mas não trabalho! Cabisbaixa e aparentando deprimida, ela agradeceu e se retirou.

No dia seguinte chega seu marido, muito amigo, brincalhão pra caramba.

– Tem veneno pra rato? Perguntou ele; - não... Tenho ratoeira!

– Queria era veneno mesmo... É para minha esposa, está dizendo que vai se suicidar! – E você vai levar veneno para ela? – Vou sim é papo furado não tem coragem coisa nenhuma! Ontem ao chegar do trabalho lhe perguntei... Você ainda está viva? Disse-me que de hoje não passaria, sem fazer uma besteira de forma nenhuma! Ela me respondeu!

- Fazer o que... Fui comprar veneno pra rato... Ofereceram-me uma ratoeira!

Veja se vou beber uma ratoeira! Capaz... Pra eu morrer engasgada! Quero morrer suicidada! Não de acidente com o mal de engasgo!

-Que tal dois metros de corda? Sugeri a ela!

–Tá louco! Minha colega passou uma corda no pescoço deu nela uma bruta duma falta de ar, se o marido não corta a corda, a bicha morria mesmo... Eu em... Sou boba não... Beber ratoeira! Enforcar! De jeito nenhum! Quero suicidar sim, mas morrer com classe! Não com uma morte michuruca que não dá ibope!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 23/02/2010
Código do texto: T2102611
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