A Jarra da Honra

A Jarra da Honra- Autoria de Igor Pereira Gonçalves

A quietude tomava conta do espaço. As luzes apagadas, nenhuma viva alma na casa além de Helena.

“O que eu faço?”, ela se perguntava em pensamento, “Essa angústia está me consumindo!”

Levantou repentinamente da poltrona, abriu a porta e foi para a rua. Andou alguns minutos e parou em frente á uma bela casa amarela de telhado colonial.

Abriu o portãozinho , subiu os degraus que lavavam à porta.

Tocou a campainha.

__ Helena!__ disse o velho senhor que abrira a porta, surpreso__ A que devo a honra da sua visita?

__ Eu preciso de um concelho, Sr. Silas, podemos conversar?

__ Claro, minha filha! Entre!

Entraram e foram para o escritório do Sr. Silas, um local muito bem decorado com estantes de livros e peças de decoração antigas.

Ele a conhecia desde quando ela criança; fôra grande amigo de seu pai. Silas era um homem muito inteligente: durante muitos anos dera aulas de filosofia em universidades, estudara teologia e há anos aprofundara seus conhecimentos nas religiões.

__ Diga o que está afligindo seu coração, Helena__ disse Silas, sentando-se na escrivaninha.

__Nem sei por onde começar...__ respondeu ela, meio desconcertada.

__ Não se envergonhe, querida. Se quiser pode voltar aqui quando estiver mais preparada.

__ Claro que não!__ estava determinada__ Eu preciso desabafar o mais rápido possível. Essa aflição está me matando!

__ Então sinta-se à vontade... Vá até o fim.

__ Há mais de uma semana, discuti com uma amiga minha. E por estar com tanta raiva, acabei inventando uma mentira sobre ela; depois disso várias pessoas ficaram sabendo desse comentário maldoso e agora todos acreditam nessa mentira!

__ esse é um caso grave.__ refletiu o velho, olhando nos olhos da jovem Helena__ O fato de você estar com raiva da sua amiga não lhe dava o direito de inventar uma mentira sobre ela. Essa foi uma atitude muito imprudente.

__ Mas fiz isso na hora da raiva...__ justificou-se__ não tinha a intenção de magoá-la; estou muito arrependida.

__ Esse é o preço para quem tem uma atitude impensada. A consciência consome nossa alma depois que concluímos que fizemos algo de errado.

Helena olhou envergonhada para o chão. Um silêncio marcante tomou conta do escritório.

__ Venha comigo!__ disse Silas, levantando-se e saindo do escritório.

A jovem o seguiu até que chegaram na cozinha.

__ Está vendo essa jarra?__ disse ele, apontando para uma jarra de vidro que que estava em cima da mesa.

__ Sim.__ respondeu ela, curiosa.

__ Pegue-a!

Helena pegou.

__ Agora jogue no chão!

Ela hesitou por um instante, mas decidiu fazer o que Silas mandava. Jogou a jarra no chão, fechando os olhos.

Depois de ouvir o som do vidro se quebrando em contanto com o chão, olhou assustada para Silas, que estava sentado numa cadeira sorrindo para ela.

__ O que essa jarra tem à ver com o meu caso, Sr. Silas?

Ele olhou para os cacos de vidro e explicou:

__ O jarro simboliza a honra de sua amiga. Você a destruiu, transformando-a em cacos.__ Olhou nos olhos de Helena__ Agora tente colar os pedaços de vidro.

__ É impossível; a jarra se quebrou em pedaços muito pequenos!

__Exatamente, minha filha!__ fixou ainda mais o olhar nos olhos de Helena__ Por mais que você tente, será impossível reconstruir a honra de sua amiga. Mesmo que você tente convencer as pessoas a respeito do verdadeiro caráter dela, muitas continuarão acreditando na mentira; e esses pedaços de vidro são essenciais para reconstituir a jarra da honra de sua amiga. Sem esses pedaços, ela nunca será uma jarra completa, nunca mais será a mesma jarra de antes.

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Igor P Gonçalves
Enviado por Igor P Gonçalves em 16/02/2010
Código do texto: T2090398
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