IRONIA NO CARNAVAL

IRONIA NO CARNAVAL

Uma estrada coberta por arvores frondosas e floridas, pássaros a gorjear, milhares de borboletas coloridas, dançando sobre as flores. Foi uma passarela, por onde Rosinha se desfilava graciosa, rumo á sala de aula. A escola, situava a dois quilômetros de sua casa, no sitio. Nelsinho, filho único do prefeito se encantava com a beleza da colega de sala, mas muito tímido nunca declarava a ela.

A cidade era pequena, povo pacato e ordeiro, sobrevivendo com dignidade dos recursos econômicos gerados direta e indiretamente, pela indústria têxtil, única, na cidadezinha. Cujo prefeito era o acionista majoritário.

Na área rural predominava a lavoura algodoeira, a fundamental base de sustentação da economia social no pequeno município.

No decorrer do tempo a cada ano Rosinha tornava-se mais bela. E o colega que já era correspondido pela troca de olhares, mais e mais, enfeitiçado pela paixão. Vieram as transformações naturais e os dois se tornaram em um belo casal. Jovens. e enamorados se formaram juntos no primeiro grau.

No baile de formatura, ele tomou coragem e se declarou a ela. O encontro fora à consumação de um amor há tempos cultivado pela troca de olhares. Mas o sonho durou pouco, apenas o período das férias escolares. Tomaram rumos diferentes.

Ele prestou vestibular e foi cursar medicina, Rosinha fizera secretariado, foi trabalhar em outro estado. Embora perdidamente apaixonados, com os meios de comunicação ineficientes, perderam contato.

Passou os anos e nada de encontros.

Os pais de Rosinha faleceram tragicamente em um acidente, e traumatizada ela jurou que jamais voltaria a sua terra natal.

Tornou-se amarga dedicando exclusivamente ao trabalho sem si quer pensar em amor.

Nelsinho há procurou loucamente sem nenhum êxito, perdeu definitivamente o grande amor de sua vida.

Buscou no trabalho a válvula de escape de sua paixão. Passaram os anos, ele sempre se especializando, profissionalmente, a cada dia mais competente.

Seus colegas tentavam de varias formas arrastá-lo para as festas, ele recusava a todos os coniventes.

Combinaram entre eles, e forjaram uma estratégia, levaram-no para um congresso em uma cidade carnavalesca. Disseram que seria uma palestra ministrada por um especialista estrangeiro.

Na verdade fora tudo arranjado os colegas queriam apenas colocá-lo em um baile de salão, na folia do carnaval. Em principio o nervosismo quase o tirou de controle, ao descobrir a armação. Aos poucos sua peculiar serenidade foi recuperada. Em fim ele aceitou. Caiu no samba, coisa que não fazia desde perdeu sua linda Rosinha.

O local aconchegante fizera com ele, descontraísse, e por momentos esqueceu até de si próprio. Os anos de absoluto jejum não tiraram seu charme, nem a pose de bom dançarino que fora no passado.

Sua eficiência despertou atenção; de certa coelhinha que sambava bem fantasiada, fugindo ao assedio de muitos pretendentes. Uma estranha atração os uniu, e juntos roubaram a sena da festa.

Minutos após, todas as atenções estavam voltadas para o casal que se destacou, aplaudidos pela bela coreografia apresentada. Conversaram toda a noite, trocaram confidências, em fim estavam íntimos, verdadeiros amigos.

Coincidentemente a história de ambos era idêntica, estavam presos ao passado com as mesmas queixas, por um grande e inesquecível amor. Até a circunstância que os levaram ao encontro se coincidiam.

Quando o sol enviou seus primeiros raios, com seus lumes penetrando pelas janelas do salão, em plena luz do dia! Hora de cair às máscaras e despirem-se as fantasias! Lá estavam frente a frente... Nelsinho e Rosinha com seus cabelos grisalhos e o olhar de espanto... Vertendo-se em lágrimas pela emocionante alegria, de um inesperado reencontro, que fora promovido pela ironia de um carvaval promovido pelo destino.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 14/02/2010
Reeditado em 15/02/2010
Código do texto: T2086450
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