PIOPARDO E AS BORBULHAS
PIOPARDO E AS BORBULHAS.
Então fazia assim com as palmas das mãos, deixava uma ou outra em forma de concha, a levava até um palmo e meio de profundidade esperando que as borbulhas estourassem logo a seguir, e elas estouravam logo após ela abrir as mão e a menina estourava em deliciosa gargalhada. A cena repetiu-se várias vezes e tantas vezes o ritual da gargalhada também...
Eu não tinha nada com isso, mas a curiosidade chamou-me a atenção, uma garota sozinha rindo a cântaros na lateral de uma piscina de água quente...
Daí a momento ela levanta-se, caminhar calmo e vai ao toalete. Na sua volta senta na mesma piscina e no mesmo lugar. Começa de novo aquela infantil brincadeira. Mais uma vez coloca a mão em concha, procura o rumo que vem as borbulhas, a noite começa a chegar, noite fria de terça-feira, pouca gente na piscina e a cada levantar de mão nova gargalhada. Fui conversar com ela, mas não me respondeu nada, continuou a sua ingênua brincadeira. Vez por outra utilizava a linguagem de sinais como se sinalizasse para alguém invisível. Pensei deve ser surda-muda eu não entendia nada, até que veio de novo outras borbulhas, desta vez muitas mesmo, tanto é que ela colocou as duas mão em conchas e as afundou e logo após as liberou aparecendo aquela imagem no meio de suas mãos.
- "Foi a primeira vez que eu vi alguém vendo e papeando com um PIOPARDO."
Pousada do Rio Quente, 19 de julho de 2008.