O GEREBINHA 2

É assim que a sua irmã caçula o chama. Ele é o filho do meio.

Quando criança bastava se enervar com alguma coisa, bastava uma coisa simples lhe contraria ele saia como um carneiro desnorteado dando cabeçada em tudo.

Negociei com a esposa dele o aluguel de uma suíte para que ela pudesse atender suas clientes de massagem linfática. Tudo se deve por sua mudança

para o interior.

Na segunda semana eis que o Gerebinha vem com ela.

Eu disse que precisava de falar com ela e depois com ele.

Quando o tempo vago dela coincidiu com o meu eu a chamei para uma prosa. Ele queria vir junto. Eu recusei a presença dele. Quero falar só com ela.

É que eles sem minha autorização estavam desmontando uma cama complicada dessas que a gente compra na Casa Bahia,complicada pois os parafusos são fixados com parafuzadeira eletrônica e a gente nunca tem delas.

Bem ela alegou os motivos do desmonte o que eu aquicedi às sua reivindicações.

Mais tarde, mas bem mais tarde mesmo, depois que fiu assistir o filme com Mel Gibson, o bundinha sarada da Xuxa, chamei-o para um papo de pai para filho.

Primeiro ele me reemprendeu, pois eu estava de short e com as pernas em cima de minha cama dentro do meu galpão de zinco, local de minha expulsão doméstica.

Logo nervoso disse:

-Você atrasou e essa postura de pernas cruzadas na minha frente e com bermuda me enerva.

Essa observação deveria ser minha, pois o respeito deveria ser dado a mim o pai, não me incomodei e continuamos:

- Ainda mais se hospedes estão andando sem camisa e tem um que tem uma tatuagem de demônio nas costas, como é que você permitiu isso?

- Bem não é ético quando vou fazer o contrato com eles venha a obriga-los a tirar a roupa para fazer uma vistoria...Eu só queria saber o que é que você quer de sua vida. Lhe dei uma academia montada e a fechamos, lhe dei um churrasquinho montado com estoque e não foi para frente, arrumei-lhe um emprego com o compadre Zé, e você se demitiu no dia que ele ia avisar de seu aumento salarial.

- Você nem esperou que ele se explicasse, tocou na cara dele um cartão de massagista de um curso que você havia feito, demiti-se e até hoje dois anos depois não consegui fazer nenhuma massagem..

- Pai o culpado de tudo é você...Blábláblá, blábláblá...

Que eu poderia fazer se ele era assim o culpado era eu e a mãe dele, foi assim que nós o fizemos...

Notei entre seus gestos uma assustadora arrogância e uma depressão sem precedentes...

Completou ele então:

- Não quero nada seu não, muito obrigado pela inscrição que você pagou do curso de carteiro, mas fique sabendo vou voltar para minha casa em São Luiz de Montes Belos e vou vencer, trabalhando de servente, fazendo pizza, assando frango e churrasquinho, vou construir minha casa sem precisar de ajuda de ninguém principalmente a sua...

Apenas ouvi não falando nada, pois vi que era malhar em ferro frio.

- Filho vá com Deus (muito embora eu não acredito nele também para esses casos), mais vá com Deus...

Goiânia, 13 de fevereiro de 2010.