VINGANÇA.

VINGANÇA.

Quatro, da tarde, passava o “S.L” (Serviço de Leite) vindo do RIO GRANDE e deixava os tarros vazios. As cinco e quinze, vindo de PELOTAS, o Passageiro “P45”... Nesse intervalo de tempo juntava muita carroça e cavalos ali no espaço entre a estação e a venda; vinham buscar os tarros, carta, jornal, encomendas, gente... Formava os grupinhos; na plataforma da estação, na volta da CANCHA DE JOGO DO OSSO ou na venda tomando cachaça e jogando conversa fora...

Naquela tarde a gurizada tava debaixo do grande “Ocalito” jogando bolija (bola de gude)... Pra fazer o cruzamento com trem de passageiros chegou vindo do RIO GRANDE um trem de cargas bem grande e de repente todos os cavalos relincharam, rebentaram rédeas, dispararam... Carroça virou, carroça se engaiolou noutra, aquilo foi um estrupício... Ninguém tava entendido nada... Um grupo de marmanjões correu a cercar a gurizada e ameaçando bater e chamando de “cambada de filhas das putas”... O Chefe de trem avisou:

- Tem um circo nos últimos vagões...

Desfeito o cerco os guris correram para ver as feras cujo cheiro assustou a cavalhada... Foi entre 1957 a 1959 e naquele tempo não se chamava um guri de filha da puta... No outro dia; cabeças frias tramaram a vingança... Era tempo de São João, na venda compraram as “bombas”, fizeram o amarrado de bombas e o pavio de corda molhada no álcool, (instrução tirada de gibis; gibis compravam do Revisteiro do trem)... Em cima botaram um balde velho emborcado... Foi na hora do trem das cinco... Imagina o estouro e o estrago... Até hoje tão procurando os guris...

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Zésouza
Enviado por Zésouza em 12/02/2010
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