LUIMAR DA CARROÇA

LUIMAR DA CARROÇA

Antônio Luimar Barbosa da Silva, era mais conhecido como o Luimar da carroça, tinha 1,92m de altura, braços longos com mãos enormes, era também o rei do brega e tinha fama de bom brigador, e nesse dia tive sorte de ver. Cada bordoada que dava era um rabo no chão, pra não falar de um dente quebrado, um nariz achatado, uma boca cortada ou qualquer outro tipo de escoriação que um indivíduo possa ter ao se meter em uma confusão com o Luimar da carroça. Naquela noite tudo começou por causa da Pretinha, uma prestadora de serviços de alívios sexuais, não tinha mais que 1,60m de altura, se rebolava entre os homens com uma saia que mal lhe cobria as ferramentas de trabalho, andava assim até que fosse convidada para prestar serviços. Nesta noite, Pretinha estava sentada, em ofício, nas pernas do Chico da carvoaria que, entre um gole e outro de cachaça, tirava longas baforadas de cigarro de palha. Pretinha vez e outra tomava um trago de campare, por recomendações de Dona Maria do cabaré, ela dizia que era para melhorar a conta dos clientes, Pretinha só não podia mesmo era se embriagar pra não atrapalhar a dureza do trabalho. A sinuca ficava bem no meio da casa, o jogo era apostado, ninguém podia dar pitaco senão o pau comia, ou cantava, ou quebrava, ou sei lá o quê, não lembro bem da expressão usada naquela época.

Luimar sentou-se do outro lado da sala, e levou consigo sua garrafa de “Pé na Bunda” e um pires com fatias de limão, cruzou as pernas, acendendo seu cigarro de fumo-de-corda no melhor estilo, riscando o fósforo no salto da bota. Pretinha tomou mais um trago de campare e olhou de lado com o rabo do olho esquerdo, deu uma piscada acompanhada de um sorriso descarado no rosto, Luimar devolveu o sorriso, formando círculos de fumaça no ar. O Chico não era bobo, levantou-se de uma vez jogando Pretinha no chão. Perdeu a noção Nêga safada, ou tá querendo apanhar até largar o choco, Vixe Maria Chicão, deixa de ser grosso homem, eu tava só olhando as botas dele, Comigo mulher minha não olha nem pros lados, se não leva couro, e homem leva sete palmos de terra na cara. Só se for de mão amarrada, disse Luimar do outro lado da sala, subindo o chapéu até a altura da testa com a ponta do dedo indicador, o que foi que tu disse carroceiro amarelo, encarou Chicão. A casa ficou num silêncio cheio de suspense, um dos que jogava sinuca largou o taco e emparelhou os ombros com o Chicão, Assim é covardia, dois contra um é dureza, falou o Geraldo do Boqueirão, largando o taco sobre a mesa de sinuca e se afastando para o lado, dando espaço de rinha. A Pretinha pulou para o lado de dentro do balcão e se agachou o quanto pode. O amigo do Chicão foi mais afobado, quebrou uma garrafa para usar o gogó como arma. Deus me livre e guarde, gritou a Dona Maria do cabaré, A coisa vai feder, chama os guarda antes do sangue correr, bando de covarde, até parece que querem ver o inferno pegar fogo, e saiu correndo em busca de socorro. O Chicão avançou só com as mãos, mas não chegou nem na metade do caminho, recebeu uma tamboretada no peito que o jogou de volta ao ponto de origem de pernas para o ar com um grito abafado de dor. O Amigo foi mais prudente, caminhou em direção ao oponente sem perdê-lo de vista, ficou riscando o gogó da garrafa no ar, impedindo o ataque do seu adversário que se balançava de um lado para o outro sem parar, parecia um gorila raivoso derrubando tudo pela frente, o Amigo aproveita um momento de descuido e acerta o braço do carroceiro, este não perde o gingado, e desabafa com palavrões, Seu filho da puta, tu agora é homem morto, dizendo isso, Luimar toma como arma os tacos de sinuca, era cada bordoada que o Amigo de Geraldo gemia, ficou com os braços feito papa até não poder mais aguentar e baixar a guarda, foi seu último erro, levou uma paulada na cabeça e caiu desacordado. Chicão teve ainda tempo de se recuperar, mas atordoado, não conseguiu se proteger de uma tacada na cabeça que o deixou zonzo zonzo e um filete de sangue descendo pelo pescoço. Os fregueses começaram a gritar, MATOU, MATOU. O carroceiro olhou de um lado para o outro com olhos esbugalhados, rufava ofegante feito bicho brabo, jogou os tacos no chão, deu dois saltos para fora do cabaré e fugiu pela mata à dentro rumo à quinta do Chicô.

Leandro Dumont
Enviado por Leandro Dumont em 10/02/2010
Código do texto: T2079386
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