MENINO PIÁ
MENINO PIÁ
Era preto feio que virou Pira,
Que de tão magro virou Pipira,
Piá não morava na rua, e ria ria,
Não morava no bairro, só aparecia e sumia.
Piá vivia na mata, caçando passarinho pra criar,
Preso na fome do mundo nem piá podia,
(Pia pia passarinho, pia pia canto pra te acordar)
Passarinho dormia, voava para o outro lado do rio,
Céu dos curiós, mudar de asas e vinha novinho.
Do outro lado tinha curiozinho preto e pardo,
Cantava de estalo na gaiola ou na mão
Mas tinha o rio, o rio, o rio,
Piá sonhou no céu dos passarinhos,
Canta canta passarinho curió de alegria.
Mas Piá não dormia,
Piá não comia, gemia, gemia, gemia.
Não vi Piá no outro dia
Cadê Piá, de noite e de dia não aparecia.
De olhinhos fechados fedia, fedia,
Foi voar no céu dos curiós, anjinho, anjinho,
Aos nove anos, quatro dias no meio da mata,
Dormia feito alma de passarinho dentro do ninho,
E ninguém sabia, sentia, via, morria.
Menino Piá virou passarinho no outro dia.
Leandro Dumont
21/02/2009