Nossos amores.
Nossos Amores.
(Para Rodrigo e Daniela).
No ano de 2005, finalmente eu e meu marido pudemos realizar o sonho de comprar uma casa em Cabo Frio, perto da praia do Peró. Não era nenhuma mansão, mas era uma casinha simpática e aconchegante. Estávamos felizes e viajávamos do Rio de Janeiro para lá, todos os fins-de-semana. Enquanto Rodrigo cuidava dos consertos necessários e pintava a nossa casa da cor de nossa preferência, eu colocava cortinas de renda nas janelas e cuidava do jardim e da horta.
Começamos por comprar as camas, alguns utensílios domésticos e uma televisão pequena. Estávamos enlevados! Nosso sacrifício, fazendo economia, nos privando de tantas coisas valera à pena!
Até que a má notícia chegou.
Eu estava no trabalho quando Rodrigo me telefonou:
-Daniela! Temos que ir para o Peró! Nossa casa foi assaltada!
-Mas como você soube? Levaram muita coisa?
Um vizinho, com quem deixei o meu número de celular, acabou de me ligar. Ainda não sei o que levaram. Vamos hoje mesmo pra lá!
-Está bem. Vou tentar sair do serviço mais cedo.
Ao ver o que fizeram com a nossa casa, ficamos desolados! Levaram a televisão, as cortinas, os talheres e outros utensílios domésticos. Mas, o mais revoltante, foi o que fizeram: Cortaram os colchões, sujaram com tintas as paredes que já estavam pintadas, quebraram peças do fogão e da geladeira. Destruíram tudo o que não puderam levar. Vândalos, sem a menor consciência!
Choramos abraçados... A nossa casinha, que cuidávamos com tanta alegria, estava um caos!
Sentamos no chão tentando decidir o que fazer. Um vizinho nos deu uma sugestão: comprar um bom cão de guarda! Confesso que a idéia não me agradou nem um pouco. Eu nunca fora apegada a animais. Não admitia que os maltratassem, mas nunca pensei em possuir um animal de estimação. Eu já tinha muito trabalho em casa e no escritório.
Mas, depois de muito refletir, resolvemos pela compra de um cachorro. Um não. Dois! Decidimos que se era necessário ter um cão para tomar conta da casa, não seria justo deixá-lo sozinho quando voltássemos ao Rio. Queríamos um casal, para que um alegrasse o outro.
E foi assim que Logan e Raika entraram em nossas vidas.
Vieram para nossa casa com um mês. Pareciam pequeninos ursinhos! Eram tão lindos e tão dependentes que o nosso amor por eles foi chegando de mansinho, sorrateiro e se instalou de vez nos nossos corações! A partir dos quatro meses, levávamos os dois todos os fins de semana para o Peró para que se acostumassem com o lugar em que iam viver. Eles adoravam! Criados no terraço de um apartamento, quando desciam do carro e viam o imenso quintal, saltavam loucos de alegria, correndo, rolando na grama e (para o meu desespero) comendo as plantas e verduras que eu e Rodrigo havíamos plantado.
Desde o início, pudemos perceber o temperamento de cada um. Logan era muito ciumento e possessivo. Raika era muito inteligente e amorosa, mas também a mais bagunceira. Logan era o líder. Raika era exibida! Aos quatro meses de idade, já pesavam trinta quilos!
Eu não queria cachorrinhos pois não teria coragem de vendê-los e optei por esterilizar a Raika. Quando ela estava se recuperando da cirurgia, contraiu a doença do carrapato, muito comum na Região dos Lagos. Gastamos o que não podíamos, mas com o tratamento e muito carinho, ela superou a doença.
Assim como ficavam alegres na chegada ao Peró, era uma tristeza na hora de voltarmos ao Rio. Quando nos viam arrumar as mala no carro, eles já sabiam que íamos embora. Eles se recusavam a entrar no carro, corriam, se escondiam e assim, levávamos horas até conseguir colocá-los no carro. Era uma canseira!
Recorremos a um estratagema: Arrumávamos as malas sem que eles vissem. Nós os chamávamos para dar um biscoito, os agarrávamos e os colocávamos no carro. Deu certo durante algum tempo! Mas a Raika logo percebeu o truque e recusou-se a nos obedecer. Claro que o Logan foi atrás! Corríamos feito loucos para pegá-los. Raika parecia brincar com a gente! Pegava a bola com a boca e corria por todo o terreno. E foi assim, que quando fizeram seis meses, depois de uma alegre corrida combinada entre Rodrigo e eu, meus filhotes tão amados ficaram sozinhos no Peró! Um vizinho, Fernando, pessoa muito boa que adorava os meus cachorros, ficou responsável por cuidar deles em troca de um razoável pagamento.
Foi chorando muito que voltei ao Rio, mas, eu precisava trabalhar. Não podia ficar.
Rodrigo e eu vivíamos esperando os fins-de-semana para ver os nossos “filhos” tão queridos.
Que alegria meus bichinhos sentiam quando chegávamos! Nossos amigos sempre nos visitavam e os cães os adoravam! Gostavam de brincar com crianças! Nunca, em nenhum momento, vimos algum sinal de agressividade nos dois! A não ser contra as roupas do varal, chinelos, baldes, tapetes da varanda, etc... etc...
As pobres plantinhas já não resistiam. Logan e Raika comeram o coqueirinho que estava crescendo no jardim. Eles comiam tudo o que estivesse ao alcance!
No mês de julho estava fazendo muito frio e decidimos comprar uma casa de madeira para os dois. Eu não queria uma casinha qualquer. Queria uma casinhola bem bonita, para ficar na varanda da casa. Encontramos uma casinha linda. Colocamos na varanda e nenhum dos dois quis entrar na casa. Então, eu entrei na casa e os chamei. Foram se chegando, desconfiados, até que se acostumaram com a casa. Quando voltamos na outra sexta-feira, eles tinham destruído a madeira da frente da casinha deles. A casa tão linda estava em ruínas! Construímos um belo canil, espaçoso e arejado... Não aceitaram. Só entravam no canil à força!
Logan e Raika eram carinhosos e brincalhões ao extremo. Certa vez, Raika correu ao meu encontro, eu caí ao chão com ela lambendo o meu rosto. Gritei por Rodrigo pra que me ajudasse e quando olhei, ele ria a mais não poder, com a câmera fotográfica na mão. Fato registrado para a posteridade! Que “mico”!
Logan não escondia a sua preferência por Rodrigo e Raika, por mim.
Rodrigo e Logan jogavam bola juntos, corriam juntos e (eu juro!) riam juntos!
Raika gostava de pegar a bola que eu arremessava! Podia jogar bem longe que ela ia buscar e entregava nas minhas mãos. Quando a bola escapulia da boca antes de me entregar, ela me mordia pelo pulso para que eu pegasse a bola. Eu podia esconder a bola em qualquer lugar, que ela encontrava! Eram inteligentes e entendiam tudo o que dizíamos!
Rodrigo e eu estávamos preocupados. O que aconteceria se ladrões invadissem a casa? Como nossos cães reagiriam? Eles foram criados com muito carinho, eram extremamente dóceis!
A resposta veio numa noite em que estávamos na casa...
Acordamos com gritos de socorro! Corremos para a porta, acendemos as luzes de fora da casa e para nossa surpresa, dois homens estavam acuados contra a parede da varanda. Não havia sangue em lugar algum e fiquei mais tranqüila. Rodrigo ligou para a polícia que constatou que aqueles homens eram conhecidos ladrões de residência.
Logan e Raika estavam irreconhecíveis: Rosnavam com os enormes dentes à mostra! Não tocaram nos ladrões, apenas os acuaram até a varanda e ficaram tomando conta! A qualquer movimento dos homens, eles rosnavam como se fossem atacar! Raika e Logan só se afastaram quando a polícia chegou e nós os chamamos! Os ladrões pensavam que a casa estivesse vazia.
Depois contaram para a polícia, que não viram nada, pois a casa estava às escuras, pularam o muro e quando já estavam perto da porta, os dois cães surgiram silenciosamente do nada e os “renderam” sem uma mordida! Sem latir!
O delegado e os policiais vieram até nós, dizendo:
- Parabéns! Vocês têm cães bem treinados! Todos os cães deveriam ter o treinamento que eles tiveram! São cães magníficos!
Agradecemos e depois que já tínhamos nos afastado o suficiente, caímos na gargalhada!
Ao voltarmos pra casa, abraçamos nossos cães com muito amor, pois recebemos deles amor ainda maior!
Os cães são realmente “o melhor amigo do homem!” Eles sabem proteger as pessoas que amam! Eles são fiéis! Se brigamos com eles, ficam tristes, mas jamais deixam de amar! Se ficamos tristes, eles ficam tristes também!
Só quem tem ou já teve um cão, sabe do que eu estou falando!
Eu agora acredito que toda criança deveria ter um cão! Aprende-se muito com eles!
Essa é a nossa história! Logan e Raika ainda vivem no Peró esperando que os fins-de-semana e feriados, cheguem. São os nossos bebês! Agora pesam 46 quilos e são lindos!
Depois do assalto frustrado, a nossa casa nunca mais foi assaltada!
Logan e Raika: Nossos Amores!
Duvido que existam cães Rotweiller’s mais amados no mundo!
Nilda Dias Tavares.