Um clarão na serra!
Roberto Mateus Pereira
05/fev/2010

Em meados da década de 70, quando residíamos no Estado do Paraná, mais precisamente na cidade de Guarapuava, nós nos deliciávamos com algumas histórias contadas pelo seu Benedito Castanheira, popular “Dito Castanha”, a maioria ocorrida naquela região.
Uma delas aconteceu em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial. Ele nos contou que, certa vez, apareceu lá pelas bandas do rio Jordão um italiano, conhecido apenas por “Borguetti”, com seu fordinho 29, e estacionou defronte a venda do saudoso amigo Albert, filho de alemães legítimos, porém brasileiro de nascença e que, na época, não teria mais que vinte anos.
O carro do “Borguetti” chamava a atenção de todos devido a um grande vazamento no tanque de combustível, e “Alemão” – apelido de Albert – o avisou, preocupado que o derramamento de gasolina poderia ser perigoso. Contudo, a resposta do proprietário do fordinho foi pronta:
– Isso não é gasolina, caspita! É água do radiadore!
Após tomar umas boas goladas de vinho de “colônia”, o italiano colocou o fordinho na estrada, deixando alguns curiosos a cheirar o líquido derramado pelo “possante” fordinho 29, entre os quais o Alemão, que não acreditavam que aquilo fosse água.
Reunidos em torno do líquido pesquisado, passaram a discutir, já que um dizia ser água, outro gasolina. Foi quando um dos fregueses teve a brilhante ideia: acender um fósforo no líquido, para tirar a dúvida. Se pegasse fogo, logicamente não seria água.
Quando colocou fogo no líquido, todos tiveram uma surpresa: a chama passou a correr, seguindo a trilha da gasolina, que, naquela época, era puríssima, ganhando a poeirenta estrada de terra.
Uma hora depois, já de noitinha, quando as pessoas tinham até se esquecido da chama corredeira, apareceu grande clarão lá pelos lados da serra de Entre Rios, que iluminou o céu. De imediato, todos pensaram que a guerra estava chegando àquelas paragens, visto que muito alemães residiam na região.
Foi só no dia seguinte que uma emissora de rádio esclareceria o fato, ao anunciar que “um fordinho 29 havia explodido misteriosamente”, colocando no ar a entrevista feita com o italiano “Borguetti”, proprietário do veículo.
O motorista declarou que fora salvo por milagre, pois o fogo vinha perseguindo o veículo em alta velocidade, parecendo coisa de outro mundo, fazendo as mesmas curvas que o fordinho fazia, obrigando-o a pular fora do carro, antes da explosão.
Escritor Paulista
Enviado por Escritor Paulista em 05/02/2010
Reeditado em 05/02/2010
Código do texto: T2070937
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