A MALA.

A MALA.

Camelô era “ave” rara; hoje... (Nada contra). Havia; não sei se ainda tem (não tenho visto) alguns que chegavam ao Largo da Estação, Largo do Mercado, Praçinha da Igreja, Praça... Abria uma mala de onde tirava uma JIBÓIA, deixava a cobra no chão e começava a conversar e a chamar curiosos... Quando a roda tava grande ele começava a oferecer a mercadoria... Conheci um que vendia uma pomada MILAGROSA, receita de índios... Cobra, índios...

Tempo de muita chuva era mil novecentos e sessenta e qualquer coisa, as FERROVIAS já estavam sendo abandonadas... O trem, que vinha de BAGÉ, muito atrasado... PELOTAS três e quinze da madrugada... Embarcaram três ou quatro passageiros... ELE entrou num vagão onde num extremo um casal de velhos dormia enrolado num poncho, no outro extremo; duas malas debaixo do banco, uma mala no corredor e um sujeito deitado encolhido no banco dormia que roncava... PELOTAS ao CAPÂO SECO, quinze minutos de viagem... Levantou, o sujeito dormia, ligeiro pegou a mala do corredor e desembarcou, sumiu no escuro... Da estação até a casa um quilometro, debaixo de chuva... Todo molhado acendeu o lampião, a mala em cima da mesa... Abriu, um grito caiu de costas, de dentro da mala saiu uma JIBÓIA...

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Zésouza
Enviado por Zésouza em 04/02/2010
Código do texto: T2069390