O Bêbado
Abri os olhos e não acreditava no que via, era inacreditável! Como podia acontecer assim tão rápido. Enquanto meditava, olhava com os olhos atônicos a cena. O bêbado, antes mal vestido e cambaleante, saia da loja parecendo um lorde, como? Perguntar-me-iam, contar-vos-ei.
Ao atravessar a rua, quase sou atropelado pelo homem cambaleante e sujo, vejo o entrar na loja, ao que pensei, “vai ser expulso aos empurrões, por isso também resolvi entrar, curioso vi o vendedor se aproximar e polidamente dizer ao bêbado.
- Por favor, Senhor, queira se retirar!
Ao que o bêbado respondeu:
- Me de apenas um copo d água que estou com sede!
O vendedor novamente diz:
- Por favor, Senhor vá beber em outro lugar, ali na esquina tem um bar!
Ao que o bêbado respondeu:
- Lá eu já bebi, e não foi água não; e deu uma risada vigorosa!...
- E quero também uma gravata!
E para se livrar do incomodo freguês, lhe trouxe água, e respondeu!
- Qual o tipo de gravata? Borboleta? (disse essa por ser mais barata).
- Borboleta? Onde? Pergunta o bêbado!
- No terno oras! Responde o vendedor.
- Qual terno? Pergunta o bêbado
- Como qual terno? Aquele ali, por exemplo! Responde o vendedor mostrando um terno pendurado.
- Mata ela! Grita o bêbado.
- Matar quem? Indaga o vendedor.
- A borboleta! Pode deixar, eu mato! Diz o homem jogando o terno ao chão.
- Para com isso Senhor! Esta bagunçando a loja! Faça isso no seu!
- No meu também? Fala o bêbado, retirando o seu terno e jogando ao chão.
- Mas no meu não tem bicho nenhum! Exclama!
- Bicho? Que bicho? O senhor está louco não tem bicho nenhum!
- Aposto que tem sim! Você que falou! Borboleta, barata, rato! Responde o bêbado, gritando, já exaltado.
- Rato? Onde o rato? Pergunta o vendedor saltando pro sofá.
- Que foi? Pergunta assustado o bêbado, pulando em cima do balcão.
- Cuidado com a arara! Grita assustado o vendedor.
- Cadê a bicha? Deixa que eu pego ela. Fala o bêbado.
Um rapazinho jovem que entrava na loja grita assustado!
- Que isso, não vem não seu bruto, tira essas mãos sujas de cima de mim!
E ao se virar pra correr, esbarra em uma prateleira jogando à ao chão.
O gerente vendo toda aquela confusão chega nervoso, empurrando o bêbado:
- Saia já da minha loja!
- Ei! Deixe-me pegar meu terno!
- Pega logo e suma daqui!
O homem sai e já não parecendo tão bêbado, caminha alguns passos, olha pra mim e diz:
- Não entra ai nessa loja não rapaz, só tem doido!
E sai assoviando Vinicius. Mas já não vestia o mesmo terno, meio rasgado e sujo, e sim o outro novo, que ele havia jogado ao chão.
E saiu, se distanciando, atravessando a avenida, e eu fiquei... Observando-o, tranquilamente se dirigir a uma sapataria.