Isca de peixe
Roberto Mateus Pereira
30/jan/2010
No final da década de 80, costumávamos nos reunir nos finais de tarde no Bar do Toninho Roça, defronte ao “SAE” e passávamos algum tempo jogando pontinho (dominó).
Numa dessas tardes, o saudoso amigo Miguel Avancini me chamou de lado e perguntou:
– Como eu não entendo nada de pescaria, me explica o que você usa para pescar tanto lambari na represa da AABB?
O saudoso Miguel Avancini, aposentado do Banco do Brasil, ótimo amigo e bom papo, era pai do “Miguelzinho” e tinha razão ao dizer da boa quantidade de lambaris que pescávamos na extinta represa da AABB, menina dos olhos do inesquecível Gilberto Varrone.
Em poucas palavras, expliquei ao Miguel todos os procedimentos que eu usava para pescar lambaris e ele, ouvindo atentamente, balançava a cabeça, confirmando ter entendido as explicações.
Volta e meia, acontecia um churrasco nas dependências da AABB e, como aquela manhã de domingo amanhecera ensolarada, prometendo um ótimo dia, apanhei minhas varas de pescar, “cozinhei o macarrão”, peguei minha família e “zarpei” para Conceição do Monte Alegre.
Como eu tinha alguns compromissos inadiáveis naquele dia, cheguei à AABB por volta das 12h e, após instalar a família, saborear uma “geladinha”, dediquei-me a arrumar as varinhas “pegadeiras” de lambari: o dia prometia.
Com a “tráia” ajeitada, dirigi-me para o meu “cantinho”, local onde eu estava acostumado a pescar (defronte a sauna), mas, no caminho, encontrei o Miguel saboreando uma cervejinha, sentado sob a sombra fresca da frondosa e centenária figueira e com suas varinhas encostadas num dos galhos.
– E daí, Miguel, pegou alguma coisa?
O meu amigo respondeu desanimado, aparentando ares de dúvidas:
– Fiz tudo do jeito que você falou: mandei arrumar as varas com anzóis para lambari, coloquei linha 16, mas na hora de colocar a isca no anzol, foi um Deus nos acuda, furei tanto o dedo que desisti. Não nasci para pescador.
Surpreso, fui verificar o que realmente havia ocorrido com a isca que o Miguel havia trazido e tive uma grande surpresa: ele não havia cozido o macarrão.
– Ô, Miguel, você esqueceu de cozinhar o macarrão?
– E por acaso você me falou que era para cozinhar? Já fiz de tudo para amolecer essa “porcaria” de macarrão, cheguei até a deixá-lo de molho na cerveja – e nada de amolecer.
Após as explicações do amigo Miguel, deixei minhas varas ao lado das dele e o acompanhei na cerveja, ficando ambos por um bom tempo dando risada do ocorrido.
Roberto Mateus Pereira
30/jan/2010
No final da década de 80, costumávamos nos reunir nos finais de tarde no Bar do Toninho Roça, defronte ao “SAE” e passávamos algum tempo jogando pontinho (dominó).
Numa dessas tardes, o saudoso amigo Miguel Avancini me chamou de lado e perguntou:
– Como eu não entendo nada de pescaria, me explica o que você usa para pescar tanto lambari na represa da AABB?
O saudoso Miguel Avancini, aposentado do Banco do Brasil, ótimo amigo e bom papo, era pai do “Miguelzinho” e tinha razão ao dizer da boa quantidade de lambaris que pescávamos na extinta represa da AABB, menina dos olhos do inesquecível Gilberto Varrone.
Em poucas palavras, expliquei ao Miguel todos os procedimentos que eu usava para pescar lambaris e ele, ouvindo atentamente, balançava a cabeça, confirmando ter entendido as explicações.
Volta e meia, acontecia um churrasco nas dependências da AABB e, como aquela manhã de domingo amanhecera ensolarada, prometendo um ótimo dia, apanhei minhas varas de pescar, “cozinhei o macarrão”, peguei minha família e “zarpei” para Conceição do Monte Alegre.
Como eu tinha alguns compromissos inadiáveis naquele dia, cheguei à AABB por volta das 12h e, após instalar a família, saborear uma “geladinha”, dediquei-me a arrumar as varinhas “pegadeiras” de lambari: o dia prometia.
Com a “tráia” ajeitada, dirigi-me para o meu “cantinho”, local onde eu estava acostumado a pescar (defronte a sauna), mas, no caminho, encontrei o Miguel saboreando uma cervejinha, sentado sob a sombra fresca da frondosa e centenária figueira e com suas varinhas encostadas num dos galhos.
– E daí, Miguel, pegou alguma coisa?
O meu amigo respondeu desanimado, aparentando ares de dúvidas:
– Fiz tudo do jeito que você falou: mandei arrumar as varas com anzóis para lambari, coloquei linha 16, mas na hora de colocar a isca no anzol, foi um Deus nos acuda, furei tanto o dedo que desisti. Não nasci para pescador.
Surpreso, fui verificar o que realmente havia ocorrido com a isca que o Miguel havia trazido e tive uma grande surpresa: ele não havia cozido o macarrão.
– Ô, Miguel, você esqueceu de cozinhar o macarrão?
– E por acaso você me falou que era para cozinhar? Já fiz de tudo para amolecer essa “porcaria” de macarrão, cheguei até a deixá-lo de molho na cerveja – e nada de amolecer.
Após as explicações do amigo Miguel, deixei minhas varas ao lado das dele e o acompanhei na cerveja, ficando ambos por um bom tempo dando risada do ocorrido.