O HOMEM DO "CAIXÃO"

Tião Pretinho, apelido dado a um caminhoneiro, lá pelas bandas de “ Morro do Em Pé”, perto de um lago cheio de peixes, era um carreteiro que não perdia nenhuma viagem.

Certo dia, ao cair da tarde, recebeu um recado para ir buscar um “finado” perto da Fazenda da Colina. Nome este, era uma fazenda muito grande, com uma imensa plantação de café, criação de gado e plantação de eucalipto.

Como Tião Pretinho não perdia nada, imediatamente entrou em seu caminhão e passou na funerária para buscar o “caixão” e ir buscar o morto. Ao sair da funerária, encontrou seu cunhado chamado André e este pediu para ir com o nosso amigo Tião. Foram assim estrada à fora.

Em determinado lugar, André estava com sono e pediu a Tião para ir para a carroceria do caminhão e foi. Vendo o “caixão” na carroceria e uma pequena garoa bem fina começou cair sobre ele, mas sem trovões e relâmpagos, André entrou dentro do “caixão”, colocando um pequeno pedaço de madeira para ventilar o ar e simplesmente começou a dormir.

Já se passaram meia hora e Tião esqueceu que André estava na carroceria e mal sabia que ele estava dentro do “caixão”. Tião ligou o rádio, começou a ouvir músicas sertanejas e com muita atenção na estrada. Sendo esta estrada de terra, tinha muitos buracos e a velocidade era bem pequena.

No alto de uma pequena serra, onde existia uma paisagem muito bela e o verde predominava, Tião encontrou três homens que estavam vindo a cidade e iam para um sítio perto da Fazenda da Colina. Tião parou o caminhão e falou para eles;

- Se vocês estiverem cansados e quiserem uma carona, podem subir na carroceria.

Um deles, muito agradecido, falou:

- Quanta gentileza de sua parte, Sr. Tião, estamos cansados e precisamos desta magnífica carona e desde já agradecemos sua boa vontade.

Quando os homens subiram na carroceria do caminhão e vendo o “caixão “, ali, bem perto deles, ficaram meio espantados e posicionaram mais para o fundo da carroceria, sempre de olho naquilo, ou seja, cada um com o coração nas mãos.

Tião trafegava bem devagar e ouvindo suas músicas prediletas e mal se esqueceu de falar com os caronas que transportada aquele “caixão”. Tudo bem, o sol já começava a esconder por entre as colinas e a garoa já dava sinais de cessar.

Os caronas se esqueceram do “caixão” e começaram a contar casos. Entre risos e piadas, o tempo ia passando, o caminhão andando e André começando a despertar de seu sono, pois fora para o baile na noite anterior e não havia dormido direito.

Quando os caronas estavam bastante felizes com seus casos, André acordou depressa e levantando a tampa do “caixão”, bem devagarzinho, falando para os caronas:

- Vocês aí, a chuva já passou?

Neste momento, não sobrou nada. Os caronas, como em um conto de fadas, se jogaram para fora do caminhão, gritando e falando que o morto havia ressuscitando. Enquanto isto, André, já de pé no caixão, gritava:

- Voltem aqui, aproveitem a carona.

Conta-se que os caronas se machucaram, mas jamais quiseram pegar outra carona com Tião. André, porém, recebeu o apelido de o “Homem do Caixão”.

JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO
Enviado por JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO em 26/01/2010
Reeditado em 26/01/2010
Código do texto: T2052903
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