A MENINA E O GAPITO

A menina era sapeca.

subia em arvores, pulava cordas, amarelinha, brincava de esconde-esconde, de casinha, na beira do rio.

Morava num vilarejo, muito agradavel, bucolico, cercado por uma mata de beleza sem igual.

Era feliz !

Possuia uma familia, que a amava e zelava por ela.

Os domingos eram magicos para ela, pois a unica condução que servia o lugar, trazia seus primos e tios, para o almoço em familia.

Haaa.... como era bom estar com todos, o prazer da convivência, a algazarra dos pequenos, em se reencontrarem, após uma semana de ausência.

Claro, que as brigas aconteciam entre os primos.

Muitas vezes deixando cicatrizes fisicas.

Como em um domingo, que a Menina, toda feliz, foi a espera da condução, e quando a mesma chegou, seu primo de apelido "Gapito" mal a tendo visto, lhe atirou uma pedra, que acertou seu rosto em cheio.

Ele então avisou - isto é pelo que me fez, domingo passado -

A Menina, entre lagrimas e sangue, pois em cheio seu nariz foi o alvo.

Nem seguer se lembrava mais, do que havia feito, pra tao dolorido castigo merecer.

Mas, assim era o "Gapito" apelido dado ao primo, pelo Avô querido, porque, era um menino por demais arteiro.

Era com esse primo querido, que a Menina passava boa parte de seus domingos, em travessuras divertidas e muitas vezes muito maldosas.

Como por exemplo, quanto ele a convidava a destruir os ninhos de passarinhos, que se alojavam, em baixo de uma ponte que existia no imenso quintal, da casa de seus avós.

Era de doer, assistir as mamães passarinho, desesperadas, em salvar, seus ninhos e ovinhos, guardados com tanto carinho por elas.

Mas, o primo, esse nao tinha do nem piedade, valentemente, se aproximava do ninho com um galho seco de arvore, nas mãos e os destruia, com um só golpe.

E a Menina ???

No fundo, não era do que mais gostava, mas precisava se fazer de interessada, para poder ser aceita nas aventuras do primo famoso.

Sentia-se importante, quando ele a convidava ou mesmo aceitava sua companhia em suas sapequices.

Ja que as outras duas primas, uma inclusive irmã do Gapito, não eram convidadas por ele, para as grande aventuras domingueiras.

Um grande desafio, para a Menina, era a salada de cebolas.

Ele mesmo, descascava e picava em rodelas as cebolas, depois as temperava com muito vinagre sal e azeite.

E a Menina coitada, tinha que come-las, sem sequer produzir uma lagrima, mas mesmo se esforçando, era impossivel para a Menina, nao produzi-las.

Porque, as cebolas eram ardidas, a não tinha jeito, as lagrimas desciam, sem pedirem licença.

E não foram poucas as vezes, que ele avisou-a:

- No proximo domingo, você vai estar fora desse campeonato -

O mais interessante, é que o dito campeonato, só tinha a Menina e o Gapito de participante.

Certo domingo, a familia estava euforica, o Avô querido, havia comprado, uma televisão !

Era a primeira no encantado vilarejo.

Estavam todos ainda admirados de tão magico aparelho.

Os vizinhos vinham conhecer a nova maravilha, deixando a sala ficava repleta de gente.

Eles, (os vizinhos) debruçados nas janelas da sala, espiavam a novidade a funcionar.

Como a Menina amou a televisão!!!

Era fantastico, com um só toque em seus botões, ela falava e mostrava cenas, igualzinhas as do cinema, que raramente a Menina havia ido.

Mas.....a atração durou pouco !

No domingo o Capito, como de costume chegou, e naquele contar e contar, dos adultos, sobre a novidade da tv.

Ele, nao perdeu tempo com conversas, queria ver.

Enquanto, a conversa corria animada na cozinha, da casa dos avós da Menina.

O gapito, correu para a sala, acompanhado sempre, pela Menina.

E ligou a famosa invenção.

Em poucos minutos, os avós e tios das crianças, ouviram, um estouro, seguido de um odor forte de queimado.

Correram ate a sala, e lá encontraram, a televisão, já desmaiada, sem som nem imagem.

E o Gapito, haaaaaa....ja tinha batido em retirada, deixando a Menina, aturdida, olhando assustada pra caixa magica, agora totalmente sem vida.

Assim, o peralta queimou a grande atração do lugarejo, ligando a mesma, direto na tomada, sem saber que precisava fazer uso tambem do estabilizador de voltagem.

Esse era o Gapito, essa era a Menina.

Duas crianças, alegres, traquinas, que amavam ser crianças, naquele querido e especial lugar, onde a natureza era linda, onde as familias ainda achavam tempo de compartilhar, conviver.

Onde a vida era simples, onde criança podia ser criança apenas !

Lenapena
Enviado por Lenapena em 26/01/2010
Reeditado em 27/10/2010
Código do texto: T2051713