TARDE GOSTOSA NUM BOTECO DA LAPA
               




  
  Fazia uma tarde quente na Lapa e os veículos andavam em ritmo lento pelas ruas congestionadas do bairro. Motoristas estressados acionavam as buzinas constantemente, enquanto pedestres andavam apressados rumo à estação de trem. Para escapar daquele inferno típico do verão paulistano, muitos estacionavam seus carros para tomar um revigorante choppinho antes de pegar o caminho de casa... 
    
     -Olá, Zen Rumo, você aqui no Bar Bárie Mongol?  Bom te rever, cara!
     -Oi, Armando Pinto, tudo bem? Senta aí... Vamos tomar "umas"!
     -E aí tudo bem?  Como estão seus textos? Muitos poemas e contos novos?
     -Rapaz, nem lhe conto... Estou com a minha inspiração em baixa...
     -Mas isso é normal entre nós poetas-escritores... Tem dia que nem mulher pelada melhora a nossa inspiração! 
     -Assim, acho que vou ter que plagiar algum colega...  Será que se eu assinar como minha a frase "Ser ou não ser, eis a questão" alguém vai perceber?
    
-Hummm...  Sei não...  Melhor não... Olha lá, Zen Rumo, a loira gostosa que está chegando!!!  Rapaz, que derrière!!!  Huuummm...
    
-Que bundão, sô!!!
     -Essa loira merece uma boa trovinha, heimmm?  E aí, vamos nessa?  Eu dou o mote: "loira gostosa"  -  exclama animado o colega.
     -"Uma loira bem tratada //  vi chegar neste barzinho //  ... ? ... ? ... ? ... ? ... ? ..."   Humm... não consigo ir adiante...  Realmente perdi minha inspiração!
    
-Garçom, dois choppinhos bem gelados aqui nesta mesa! Ah, traz também porções de azeitonas e calabresa! - pede Armando Pinto.
    
-Hum, como rimar "tratada" e "barzinho"? - fica  matutando Zen Rumo.
     -Olha lá, cara! A loira está se sentando na mesa da morena de lábios carnudos... Legal, o jogo está empatado!
     -Hummm...  Minha inspiração está voltando... - murmura Zen Rumo, já mais animado.
     -Deixa comigo. Vou agora mesmo convidá-las para se juntarem à nós... - diz Armando Pinto.
     -"Uma loira  bem tratada
     vi chegar neste barzinho...
   ? ... ? ... Hummm... ?... ? ...
  ...  Vou lhe dar uma cantada 
     e beijar seu pescocinho!" 
       Obaaaa, consegui completar a minha trovinha!!!  -  exulta Zen Rumo, já com a inspiração à toda...
     

Os dois poetas tomando chopp no boteco



     E, assim, entre um gole e outro de chopp geladinho, os quatro fizeram a trova rolar, cirandando alegremente tarde de verão adentro...  Enquanto isso, uma suave brisa começou a soprar naquele boteco, conhecido reduto de poetas, escritores e jornalistas, anunciando a chegada da noite paulistana na bucólica Lapa. No som ambiente do boteco podia se ouvir "Sampa", na voz de Caetano...


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Zen Rumo voltando para casa de manhãzinha
                              





Nils Zen
Enviado por Nils Zen em 19/01/2010
Reeditado em 30/01/2010
Código do texto: T2039196
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