O Nambu eletrônico!
Roberto Mateus Pereira
Na semana passada, estávamos na cidade de Botucatu acompanhando nosso filho que participava de um torneio de tênis na Associação Atlética Botucatuense, quando, ao nosso lado, sentou-se um senhor que certamente deveria ter passado dos 70 anos.
Alegre, extremamente descontraído, ele foi desfilando aos presentes um variado repertório de causos que provocaram muitos risos e nos livraram da expectativa que sempre antecede uma grande decisão, já que ele acabou sendo o centro das atenções, graças ao seu bom humor. E como somos grande apreciador de contadores de causos, principalmente quando se trata de um especialista em tiradas espirituosas, nós nos divertimos muito.
Aposentado, seu “Antônio” (nome que usaremos para identificá-lo) tinha uma vida tranquila. Na ocasião, jurou de pé junto a um repórter local que seria incapaz de contar uma mentira a um jornal, principalmente ao dele, que era uma publicação de respeito.
Segundo ele, todas as manhãs é seu costume ligar o rádio de pilha e sintonizá-lo num programa sertanejo, para ouvir as mais variadas músicas do gênero e, num certo dia, sentado à sombra de uma árvore, ele estava ouvindo aquela música que diz: “Só me alegra quando pia lá naqueles cafundó / o nambu xitã e o xororó...”.
Logo depois desses versos, a música costuma trazer a imitação do pio de um nambu e, como o seu rádio era de boa qualidade, com um som de primeira, o pio do nambu saiu com tanta perfeição que, do nada, surgiu um gavião daqueles grandes, agarrou o rádio e saiu voando com ele. A danada da ave levou o rádio para o topo de uma árvore e passou a bicá-lo insistentemente, achando que havia algum nambu dentro dele.
O pobre do rádio recebeu tanta bicada que ficou cheio de marcas, porque o fominha do gavião só parou de bicá-lo quando o radialista interrompeu a música e anunciou a hora certa.
Com a desistência do gavião, o rádio caiu de cima da árvore, mas, com a queda, a qualidade do som ficou melhor ainda, pois sumiram alguns chiados que apareciam em tempo de chuva – de modo que até hoje ele está funcionando muito bem.
Roberto Mateus Pereira
Na semana passada, estávamos na cidade de Botucatu acompanhando nosso filho que participava de um torneio de tênis na Associação Atlética Botucatuense, quando, ao nosso lado, sentou-se um senhor que certamente deveria ter passado dos 70 anos.
Alegre, extremamente descontraído, ele foi desfilando aos presentes um variado repertório de causos que provocaram muitos risos e nos livraram da expectativa que sempre antecede uma grande decisão, já que ele acabou sendo o centro das atenções, graças ao seu bom humor. E como somos grande apreciador de contadores de causos, principalmente quando se trata de um especialista em tiradas espirituosas, nós nos divertimos muito.
Aposentado, seu “Antônio” (nome que usaremos para identificá-lo) tinha uma vida tranquila. Na ocasião, jurou de pé junto a um repórter local que seria incapaz de contar uma mentira a um jornal, principalmente ao dele, que era uma publicação de respeito.
Segundo ele, todas as manhãs é seu costume ligar o rádio de pilha e sintonizá-lo num programa sertanejo, para ouvir as mais variadas músicas do gênero e, num certo dia, sentado à sombra de uma árvore, ele estava ouvindo aquela música que diz: “Só me alegra quando pia lá naqueles cafundó / o nambu xitã e o xororó...”.
Logo depois desses versos, a música costuma trazer a imitação do pio de um nambu e, como o seu rádio era de boa qualidade, com um som de primeira, o pio do nambu saiu com tanta perfeição que, do nada, surgiu um gavião daqueles grandes, agarrou o rádio e saiu voando com ele. A danada da ave levou o rádio para o topo de uma árvore e passou a bicá-lo insistentemente, achando que havia algum nambu dentro dele.
O pobre do rádio recebeu tanta bicada que ficou cheio de marcas, porque o fominha do gavião só parou de bicá-lo quando o radialista interrompeu a música e anunciou a hora certa.
Com a desistência do gavião, o rádio caiu de cima da árvore, mas, com a queda, a qualidade do som ficou melhor ainda, pois sumiram alguns chiados que apareciam em tempo de chuva – de modo que até hoje ele está funcionando muito bem.