MANÇO BRAVO
Manço bravo
Sei que manso se escreve com “esse”. Sei também que bravo é contrário, oposto, antônimo de manso. Então, como explicar o título? Calma, eu explico!
Manço, personagem desse conto, é uma figura muito conhecida na cidade. Não é apelido; é nome próprio, basta espiar seus documentos.
É um moço manso e bem quisto por todos.
Gosta dumas pinguinhas vez em quando e fica muito por ali na praça Santa Rita, batendo papo com um ou outro, “jogando conversa fora”, costuma dizer.
Num dia desses, o “amigo” Tião, do sacolão, lhe pediu um favor, pois sua coluna tava deixando-o arriado. Manço prontamente atendeu. E é aqui que o causo começa ...
Era Sexta-feira.
Fazíamos os preparativos para mais um fim-de-semana que prometia um grande movimento.No comércio temos que ficar prevenidos. Por isso, muitas mercadorias já haviam chegado e dentre elas, um saco de batatas para as conhecidas “fritas”, porção muito apreciada.
No meio de toda a movimentação, vejo Manço se aproximando, meio torto, com um saco às costas.
Adivinhe o que era? Adivinhão! Batata!
Meio sem fôlego e “doido” para se ver livre do pesado fardo, ele perguntou: - é pra por onde?
Com certeza o Tião tava enganado – um saco de batatas era suficiente. Dois eram demais!
- O Tião mandou você entregar onde? Perguntei-lhe. – No Cê Qui Sabe, respondeu ele ainda arfando.
- E aqui é Cê Qui Sabe, Manço? Tornei a perguntar com ar zombeteiro e irônico. – Aqui ainda é Sabarabuçu, cara!
Ele me olhou sem graça, ciente do erro, vermelho de raiva, jogou o saco nas costas e saiu novamente.
Ainda ouvi seu último murmúrio: - que saco!