Reminiscências 13
Brec e Brac
A primeira vista parece se tratar de cantores de Rap, certo?!! Mas não é nada disso. Na verdade essa era uma dupla de cachorros que tínhamos em nossa casa na roça.
Brec era o mais novo, muito esperto e alegre. Tinha a cor cinza com manchas brancas. Era muito bonito e todos nós gostávamos muito dele.
Quando meu pai chegava tarde da cidade, mesmo tarde da noite, era ele quem anunciava a sua chegada, com seus latidos longos e contínuos.
Já o Brac, ao contrário, era bem velho e já não possuía as mesmas “habilidades” que o seu companheiro. Por isso, e por pura injustiça logicamente, não era alvo de nossa atenção. Ele era enorme e de cor amarelada. Vivia pelos cantos da casa e do quintal procurando não “incomodar” ninguém.
Ouvia-se sempre alguém dizer com certa maldade ou ignorância: “Não sei porque esse cachorro ainda não morreu”.
Porém um dia, deparamos com a notícia de que nosso querido Brec estava muito doente. Saiu para uma caçada e foi picado por uma cobra e não resistiu.
Indignado, um de meus irmãos ainda questionou: “Tinha que ser o Brec?!!”
Lembro-me de que Brac viveu ainda por alguns longos anos, vindo a morrer de velhice, talvez até como forma de mostrar a todos que o destino, mesmo dos animais, não depende de nossos desejos, talvez sim de nossas ações.
Ainda nos dias de hoje, é difícil para muitos entender que Deus tem um tempo determinado para cada um de nós. Homens, animais e plantas, nascem, vivem e morrem segundo seus desígnios. Com Brec e Brack não poderia ser diferente.