PARÁBOLA DA RIQUEZA ESCONDIDA ( Eliezer Lima da Fonseca)

PARÁBOLA DA RIQUEZA ESCONDIDA ( Eliezer Lima da Fonseca)

Havia um garimpeiro, muito rico e ambicioso, que em seu pequeno avião, sobrevoava uma futura área de garimpo, quando de repente, foi tomado de surpresa, por uma pane no motor do avião. O garimpeiro, pressentindo o perigo, e muito angustiado, mas muito habilidoso, logo identificou uma área da floresta desbastada e conseguiu aterrissar, salvando-se, mas deixando o seu avião sem qualquer possibilidade de levantar vôo. O local era totalmente desconhecido, e ele se pôs a andar a procura de socorro. Depois de andar por muitas horas, sem êxito, e já cansado, sedento e faminto, senta-se numa pedra e fica ali, com olhar perdido, por alguns minutos. Ao se levantar, dando apenas alguns passos, percebe, de longe, uma fumaça, que sem saber de que se tratava, o encheu de esperanças. Não perdendo tempo, foi rapidamente ao encontro daquilo que seria a sua salvação.

Aproximando-se do local, deparou com um casebre de extrema simplicidade, todo feito de barro, varas e cipós. Sem perder tempo, bate palmas, grita e logo é interrompido por uma voz frágil que sai do fundo da pequena casa e o convida para dar a volta e entrar pelos fundos do casebre. Ele assim o fez e logo se deparou com um velho senhor de mais ou menos 80 anos, que vivia solitário por ali, a cozinhar um pouco de milho seco, meio encarunchado, para fazer a sua primeira refeição do dia. Sem deixar que o velhinho dissesse algo, logo fez o apelo por água e comida, pedindo pelo amor de Deus. O velhinho pediu calmo, enquanto dizia que seria uma alegria muito grande partilhar com ele, o pouco que tinha para saciar a fome, não importando a simplicidade do alimento.

O velho lavou dois pratos de barro, entregando um deles ao garimpeiro, que exultou de alegria ao perceber que havia chegado à hora de saciar a sua fome. Pegando logo seu prato, serviu-se antes do velho, tendo o cuidado para não deixar cair nenhum caroço de milho fora do prato. Logo viu uma cabaça grande e bem envelhecida, encostada ao lado do banco de madeira onde estava o velho e sem demoras, encheu de água o copo que se encontrava em cima da cabaça, e saciou a sua sede.

Depois de se fartar à vontade, o garimpeiro elogiou o velho dizendo que jamais imaginaria que apreciaria tanto uma refeição como aquela, sempre considerada por ele, como alimento de porcos e galinhas, e pudesse comer com tanto gosto, apesar do muito dinheiro que possuía e da vida farta que vivia.

Depois de matar a fome, os dois ficaram bem à vontade e agradecidos, falando de muitos assuntos referentes à realidade dos dois. O velho acabou aproveitando a prosa para perguntar ao garimpeiro se ele conhecia de todo tipo de pedras. O garimpeiro disse que sim, pois já havia estudado muito sobre o assunto. O velho então foi logo dizendo que ha 40 anos ele havia achado uma pedra muito estranha, em um córrego dentro do seu roçado. Como a pedra era muito bonita, pegou-a, apreciou-a e depois a guardou com muito carinho em um embornal e a colocou no seu guarda roupas, tirando dali somente aos domingos, quando tinha folga, para apreciá-la por mais tempo. Mas sempre teve curiosidade para saber do que se tratava. O garimpeiro, então, pediu que a pegasse e lhe mostrasse. Assim o velho fez. Quando abriu o embornal e retirou a pedra, o garimpeiro quase cai do banco, tomado pelo susto de contemplar o mais lindo e maior diamante, que em 38 anos de garimpo jamais havia visto.

Depois de recuperar-se do susto, olha para velho dos pés à cabeça, olha para o diamante, e interpela o velho dizendo: - Há 40 anos guarda essa pedra, e porque sempre viveu nesta miséria tão grande?

O velho respondeu: - eu a guardei porque achei linda, mas não sabia que tinha um valor tão grande. Eu nunca soube que ela era um diamante.