O Bebê na Cadeirinha
Sarah e Jonathan Carter estão impacientes. Desde que o bebê nasceu não tiveram mais tempo para nada. Nada de festas, diversão, um tempo só para os dois. Mas felizmente, Elma, a tia de Sarah, servirá de babá para o pequeno Eric durante o tempo em que o jovem casal estiver curtindo suas férias dos sonhos: o Havaí. Haviam economizado muito para realizar esse sonho.
O motivo da impaciência dos dois é o atraso da velha tia Elma. Trinta minutos e nada de a mulher chegar. Desse jeito, perderão o vôo.
Jonathan não pára de olhar para o relógio. Sarah está quase chorando, a beira de um ataque de nervos. Eles sonharam muito com aquelas férias, estava tudo certo, as passagens compradas, as malas prontas. Até uma filmadora moderníssima eles haviam comprado. Tudo depende daquela tia caduca que os está atrasando.
- Vou ligar pra ela, pra saber o que está acontecendo! – nervosa, Sarah disca o número de Elma. Três toques. – Atende, atende... – Sarah choraminga. Finalmente, a idosa atende:
- Minha filha, por favor, me perdoe! Eu esqueci totalmente que era hoje que vocês viajariam! Por favor, perdoem o esquecimento dessa velha! Olha, eu vou correndo, vou pisar fundo no acelerador e em menos de quinze minutinhos estou aí, tudo bem?
Já de mau humor, Sarah retruca:
- Tá, tá bom, tia. Estamos esperando.
O casal aguarda mais três minutos. Jonathan olha o relógio.
- Querida, não dá. Vamos acabar perdendo nosso vôo.
Sarah começa a se desesperar. Isso não poderia acontecer. Por fim, decide:
- Olha, ela não está longe. São menos de quinze minutos. Acho que não há problema em deixar o bebê. – Sarah olha para o filho de oito meses. Eric é uma criança esperta e risonha, orgulho dos pais. Sentado em sua cadeirinha com trava, o simpático bebê gordinho de atentos olhos azuis brinca despreocupadamente com um patinho de borracha.
- É, acho que não tem problema. – o marido concorda. Beija e filho, pega as malas e sai apressadamente com a esposa.
As férias transcorrem maravilhosamente. O jovem casal aproveita cada minuto de sua estadia. A única coisa que os está incomodando é o fato de que a tia Elma não atende seus telefonemas. Mas as belezas naturais e as curiosidades da cultura havaiana os fazem esquecer-se de suas preocupações.
Duas semanas depois, ao chegar em casa, o casal fica horrorizado com aquela cena chocante: o pequeno Eric, em sua cadeirinha, da mesma maneira que seus pais o haviam deixado. A única diferença é que agora o bebê está morto, empapuçado, decompondo-se cruelmente e coberto de moscas.
Tia Elma tinha realmente pisado fundo no acelerador e, infelizmente, bateu o carro, vindo a falecer. Nunca chegou a casa dos Carter para desempenhar o papel de babá do pequeno e infeliz Eric Carter.
- FIM -
* Inspirado na lenda urbana americana “The Baby in the Chair”. Particularmente, eu acho essa lenda sem pé nem cabeça, pois na versão original, ao contrário do que escrevi aqui, não há nenhuma menção de que o casal tivesse tentado entrar em contato com a tal tia, parente ou vizinho qualquer. Tipo, os sujeitos vão tirar férias, ficam duas semanas fora e nem se importam em saber notícias do próprio filho? Enfim, essa falha aí é bem feia. Alguém aqui poderia inventar uma solução criativa pra preencher essa lacuna insólita?