PATO ... LÓGICO
Pato ... Lógico?
“A doença não tem dia e nem hora para chegar”. E quando chega, é um “Deus nos acuda”.
O pior de tudo é que, nem sempre os médicos sabem o que temos ou o que está nos faltando.
É preciso, então, fazer os exames de rotina para se descobrir o que está acontecendo, isto é, quem ou o quê está nos comendo ou nos chupando.
Foi por isso que, há muitos anos, fui parar num laboratório.
Antes, é claro, tive que ter a devida paciência para “colher fezes”. Colher frutas no pé ou flores é fácil, simples e prazeroso.
Mas colher fezes é uma merda!
As coisas hoje são mais simples, mais fáceis e as pessoas mais “abertas” (mesmo assim, ninguém fica comentando como é que se colhe fezes, como se usa aquela pazinha, etc. ).
Naquele tempo, a gente sentia muita vergonha para lidar com essas coisas.
No laboratório tinha um corredor cheio de gente tentando esconder uns embrulhinhos, mulheres recebendo uma “taça’ e se dirigindo ao sanitário e voltavam depois meio sem jeito e com uma “cara sem graça” (era até engraçado!).
Ao erguer a taça com aquele líquido amarelo, parecendo cerveja, e entregando-a, a cena mais parecia um brinde à saúde.
O episódio que hoje quero narrar e que permanece bem vivo na memória foi mesmo engraçado:
Eu havia esticado o braço esquerdo e com aquele medo peculiar, esperei a picada que iria sugar um tubo de sangue.
Na mão direita estava o pacotinho com as fezes e a urina.
A ansiedade natural era de me livrar da picada, do pacotinho e daquelas caras que pareciam rir da minha.
Mas eu ri de verdade, meio disfarçado, é claro, e hoje, até hoje, posso rir ao relembrar a cena:
- O sr. trouxe o material?
A mão daquela figura franzina, quase esquelética, levantou uma garrafa de caracu e a entregou à moça.
- E as fezes? Perguntou ela.
Aí a coisa ficou mesmo “cheia de graça”: ele tirou da sacola uma lata de Leite Ninho, estendeu-a para a garota e disse: - Óia dona, num deu pra inchê, não, mas se a sinhora isperá ...
Ela pegou, então a lata e meio sorridente, disse-lhe: -Não tem problema, não, aqui já ta bom.
Aquela que me tirava o sangue foi em socorro da colega e de maneira irônica despejou: - Aqui nós olhamos é a qualidade e não a quantidade, sô Zé.
Fico pensando até hoje se ele merecia “tomar bomba” naquele exame tão difícil ...