Reminiscências 12

O “Nhanhão”

Hoje, 5 de agosto de 2009, quarta feira, estou aqui na chácara somente em companhia de Preta, minha cachorra para quem vim trazer medicamentos e ração. Não estou certo das horas, deve ser mais ou menos 19:00 h., pois não trago relógio nem rádio quando venho para este refúgio.

Pensei em escrever algo sobre minha infância antes de dormir e tive dificuldade em começar, por isso o início desta narrativa ficará em forma de diário.

Agora sim, lembrei-me de um tema: É a história de Nhanhão. Este personagem não era ele e sim ela, portanto A Nhanhão, como veremos adiante. Ela marcou a minha infância e de meus irmãos e também a de muitas crianças de minha época, em função do medo que ela sempre nos trazia.

Toda vez que fazíamos uma travessura, minha mãe e meus irmãos mais velhos ameaçavam: “O Nhanhão vai te pegar”.

Era “o homem do saco” de nossas vidas.

É o que chamamos de aproveitar da inocência das crianças.

Pois bem, toda vez que este personagem chegava em nossa casa era um “Deus nos acuda”, por parte dos “menos informados”. Nós as crianças, é claro!!

Na realidade, viemos saber alguns anos mais tarde que Nhanhão, era apenas uma velha senhora que não conseguia articular nenhuma palavra e por isso não consegui se fazer entender. Somente por gestos e expressões ela tentava se comunicar.

Em suas tentativas de comunicação, o máximo que conseguia expressar era algo parecido com: nhãnhãnhãnhã.... Sua língua era totalmente presa e de maldade ela não tinha nada, muito pelo contrário, gostava muito de crianças.

Bem, até que nós conseguíssemos entender isso, os adultos já tinham tirado proveito de muitas situações.

A bem da verdade, bicho papão, homem do saco, boi da cara preta, saci pererê e outras figuras folclóricas sempre fizeram parte da infância da criançada, no nosso caso Nhanhão, veio como acréscimo.

Como diríamos nos dias de hoje: “Ninguém merece”!!!